Após o protesto por falta d'água que terminou em tumulto e confronto com a Polícia Militar na tarde desta segunda-feira, (22) em Itu (SP), moradores aguardam a resposta da prefeitura se decreta ou não estado de calamidade pública. A cidade enfrenta desde fevereiro um racionamento de água que já foi ampliado várias vezes pela Águas de Itu, concessionária responsável pelo serviço. Apesar do Ministério Público já ter recomendado à prefeitura que reconheça o estado de emergência e calamidade pública, a prefeitura decidiu não acatar a medida.
Na tarde desta segunda, cerca de dois mil moradores se reuniram nas ruas do centro da cidade e caminharam até a Câmara Municipal. Um grupo conseguiu abrir à força o portão e invadiu o local e promoveu um quebra-quebra. Manifestantes atiraram pedras, ovos e tomates no prédio da Câmara.A Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada e usou bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os moradores.Durante o confronto, um jornalista de 49 anos foi atingido por uma bala de borracha na perna e precisou ser atendido.Sete pessoas foram detidas, levadas ao 3º Distrito Policial de Itu para prestar esclarecimentos e, em seguida, liberadas.
"Cheguei a propor no começo da sessão ouvir o grupo de moradores, mas fui agredido com um ovo na cara", diz o presidente do Lesgislativo, Marco Aurelio Bastos. Por conta do tumulto, a sessão da Câmara foi cancelada.No fim da tarde três representantes se reuniram com os vereadores, que encaminharam um ofício ao prefeito solicitando que seja decretado o estado de calamidade pública. "Não temos prazo para que este ofício seja respondido, porque não é um documento aprovado em sessão. Mas acredito que o prefeito responda em um curto prazo, até mesmo em consideração aos 13 vereadores que assinaram", afirma Bastos.
Em nota, a prefeitura de Itu lamentou as atitudes de depredação e vandalismo. Segundo a prefeitura, nenhum ofício do protesto desta segunda-feira foi protocolado. O Executivo afirma ainda que tem tomado todas as medidas possíveis para enfrentar a falta de água na cidade, como obras de estação de tratamento de água e esgoto e requisição de água em propriedades particulares.
Na manhã desta terça-feira, o prédio da Câmara ainda traz as marcas da confusão de ontem. Além de janelas quebradas, o local ainda tem sujeira de tomates e ovos que foram arremessados contra o imóvel, que permanece fechado. Segundo a assessoria de imprensa da Câmara, o expediente nesta terça é apenas interno, sem atendimento ao público. A perícia deve avaliar o local para contabilizar os danos.
A empresa Águas de Itu informou que ampliou nesta semana o número de caminhões-pipa para 25, para abastecer os locais mais críticos, além de creches, escolas e unidades de saúde.A empresa diz que tem feito o que "está ao seu alcance" para atenuar o problema do desabastecimento, agravado pela longa estiagem. "Os principais mananciais da regiões central e do Pirapitingui, respectivamente, estão com menos de 2% de sua capacidade de reservação", diz a empresa.
G1