Fotos: Ahmad Jarrah
Com a chegada do período de recebimento do 13º salário, muitas pessoas se perguntam qual é a prioridade do uso dessa renda extra. Ainda que seja aconselhável analisar as finanças cuidadosamente antes de tomar uma decisão, uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais mostra que cinco em cada dez brasileiros que recebem 13º (52,9%) utilizarão ao menos parte do valor para fazer as compras de Natal, sendo que 10,8% pretendem gastar todo o valor.
Entre os 27,0% que não pretendem utilizar a renda extra com presentes, o principal destino será economizar ou investir (26,6%), além de quitar dívidas para organizar a vida financeira (26,4%) e pagar impostos de início de ano, como IPTU e IPVA (11,4%).
Animada, dona Fátima disse que agora espera o 13° do marido para gastar. “O meu já foi, agora eu estou esperando o dele [risos]. Vou usar pra comprar presentes pros netos e para ceia de natal. Depois que os filhos crescem a gente tem que presentear os netos, mesmo que seja coisa simples e todo final do ano a família vai lá pra casa”, disse.
Jonas Polinari Rodrigues, já sabe o que vai fazer com o salário. “Vou comprar presentes para a família e amigos”. O vendedor garantiu que as contas estão em dia e que por isso irá utilizar o dinheiro para agradar as pessoas que ama. “Os presentes estão garantidos e o que sobrar vou usar para festejar a virada do ano”.
Nos próximos dias a secretária Daiane Silva Costa, moradora de Cuiabá irá se mudar para a casa nova. A construção está sendo finalizada e o décimo será utilizado para comprar os objetos que faltam. “Vou comprar móveis, objetos de decoração e se sobrar [risos] vou pagar umas contas para colocar tudo em dia”, explicou.
Já o Natalino da Costa lá de Acorizal, disse que o salário extra será usado para pagar as contas. “Vou pagar todas as minhas contas para começar o ano no azul. Passei o ano no vermelho, agora quero dar uma respirada e esse dinheiro serve para isso. Presente de natal, talvez ano que vem”, contou. Ele aproveitou o feriado para vir a Cuiabá e aproveitar para passear, mas disse que não fez gastos extras, apenas um passeio pela cidade.
A dona de casa Fátima Dorileo contou que diferente da população o 13° já foi gasto. “Eu peguei adiantado, pois fiz a festa de 15 anos da minha neta”, explicou. A festa foi simples, mas segundo dona Fátima não faltou nada, até book a neta Ane Caroline ganhou. “Algumas pessoas, conhecidos meus, falaram que eu era doida em dar festa em ano de crise, mas ai eu respondia que a festa não seria um gasto extra porque eu passei o ano todo me preparando. Ou eu faria a festa da neta ou a minha de 60 anos, escolhi fazer a dela”.
Prioridades
De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil e do portal “Meu Bolso Feliz”, José Vignoli, é importante refletir sobre o uso racional do 13º salário, por mais que seja tentador ceder aos apelos de consumo durante o Natal e as comemorações de Ano Novo. “Qual é a prioridade? Essa é a pergunta que a pessoa deve fazer. Quitar contas em atraso, por exemplo, deve vir antes de qualquer desejo de compra”, explica Vignoli.
Para o educador, mesmo quem está com as despesas em dia precisa refletir sobre o melhor uso deste dinheiro extra. “Poupar e aplicar parte dos recursos, por exemplo, são hábitos que fazem muita diferença, seja para realizar sonhos ou para uma aposentadoria mais confortável. Quem ainda assim decidir que o melhor é comprar presentes deve tomar algumas precauções, como optar pelo pagamento à vista, pesquisar preços e evitar ao máximo o endividamento”.
Gerando renda extra
A pesquisa do SPC Brasil também mostra que 41,0% dos entrevistados pretendem fazer bicos ou outras atividades para a geração de renda extra com o objetivo de comprar mais presentes ou presentes melhores, principalmente os mais jovens (50,1%), as mulheres (47,9%) e as pessoas das classes C, D e E (44,8%).
“Tradicionalmente, este é um período em que grandes somas de dinheiro entram em circulação no comércio, ajudando a movimentar as vendas de produtos e serviços em diversos setores”, avalia Vignoli. “Além do 13º, com a chegada das festas de fim de ano, muitos consumidores costumam recorrer aos trabalhos informais, ou 'bicos', para comprar presentes melhores ou em maior quantidade”, conclui.
Metodologia
As entrevistas se dividiram em duas partes. Inicialmente ouviu-se 1.632 consumidores nas 27 capitais para identificar o percentual de quem pretendia ir às compras no Natal e, depois, a partir de 600 entrevistas, investigou-se em detalhes o comportamento de consumo no Natal. A margem de erro é de no máximo 2,4 e 4,0 pontos percentuais, respectivamente. A uma margem de confiança de 95%.