O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu nesta quinta-feira (26) que o governo terá dificuldades para aprovar no Congresso o projeto de reforma da Previdência, mas manteve a avaliação de que o governo conseguirá a aprovação do projeto ainda neste ano.
“Evidentemente vai ter trabalho, vai ter discussão, o projeto é controverso, não é um projeto simples”, disse Meirelles a jornalistas, em São Paulo, após participação de vento da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.
“Vamos começar a nos reunir agora com grupos de parlamentares e a expectativa é que isso possa ser viabilizado sim durante o ocorrer desses últimos dois meses”, completou.
Diante disso, Meirelles se encontrou nesta manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Planejamento, Dyogo Oliveira, para retomar as negociações sobre a reforma da Previdência.
Questionado se o governo já admite que a aprovação possa não ocorrer mais até o final de novembro como o até então projetado pela Fazenda, Meirelles disse que a expectativa de aprovação na segunda quinzena de novembro é apenas uma previsão.
“Eu acredito que pode ocorrer [na segunda quinzena de novembro]. O que nós achamos e já dissemos é que o importante é que ela seja aprovada este ano, porque o ano que vem é eleitoral, e é mais difícil a provação de uma reforma desse porte em ano eleitoral”, afirmou Meirelles.
Reforma ou reforminha?
Sobre a avaliação do mercado de que o projeto terá que ser “enxugado” e “diluído” para ser aprovado pelos parlamentares, o ministro reafirmou que o governo continuará a defender a aprovação da reforma nas bases do projeto já aprovado pela comissão da Câmara dos Deputados.
“É um projeto que está na linha em condições de ser discutido seriamente e aprovado. Vamos ver exatamente como serão essas negociações agora no Congresso”, afirmou.
A Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na noite passada, mas sinalizou, com o placar abaixo do esperado pelo governo e a demora de parlamentares da base em marcar presença na votação, que o Planalto pode encontrar dificuldades para tocar sua agenda de reformas.
"Nossa discussão é econômica, não é uma discussão política. A agenda segue com rigor e o Congresso tem tempo agora para se dedicar a todos esses projetos", disse Meirelles, acrescentando que "é a hora da reforma da Previdência".
Questionado se o que será aprovado será uma “reforma ou reforminha”, o ministro foi enfático: “Reforma”.
Sobre a resistência de parlamentares que temem o impacto da aprovação da reforma em suas bases eleitorais, Meirelles afirmou que a não aprovação irá “tornar inviável a vida do própria parlamentar”, porque não vai haver espaço para o funcionamento normal do Congresso para a apresentação de projetos e emendas.
“Todos aqueles partidos que aspiram a estar no poder em 2019, acredito que estarão muito melhor se a reforma da Previdência já tiver sido aprovada, porque se não for aprovada agora certamente terá que ser enfrentada em 2019, porque a trajetória atual de despesas insustentável”, alertou.
Meirelles também minimizou o impacto econômico e até mesmo para a opinião pública das liberações de emendas de parlamentares e concessões feitas pelo governo para ajudar a barrar as denúncias contra o presidente Temer.
"Do ponto de vista orçamentário eu não vi impacto. As despesas de 2017 e 2018 não foram alteradas", afirmou, acrescentando que a previsão de déficit primário de R$ 159 bilhões paras as contas do governo federal em 2017 e 2018 não foi alterada.