Não bastassem os juros elevados e o peso das despesas no orçamento decorrente da inflação, a alta carga tributária é outro fator que dificulta a organização financeira da população. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-MT), os contribuintes de Mato Grosso pagaram mais de R$ 42 bilhões em impostos em 2022.
O valor corresponde a pouco mais de 1,4% do montante arrecadado em todo o país – cerca de R$ 2,8 trilhões.
A pressão nas finanças é mostrada pelo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O levantamento revela que o brasileiro compromete 40,8% do rendimento médio apenas com o pagamento de pendências fiscais. É como se cada cidadão precisasse trabalhar quase cinco meses do ano para bancar tributos no dia a dia.
Segundo o economista Luiz Carlos Hauly, a aprovação de uma reforma tributária é fundamental para aliviar o cenário econômico para as famílias, além de reduzir desigualdades socioeconômicas. O especialista entende que a simplificação de impostos é uma medida essencial para provocar uma mudança no sistema.
“Como os governos taxam a base de consumo, esses tributos vão para o preço na ponta e as famílias que ganham menos consomem mais serviços e bens essenciais. Primeiramente, o Brasil precisa eliminar o excesso de tributos que gerou milhões de normas tributárias e, segundo, o excesso de carga de impostos sobre a base do consumo diante da baixa tributação na renda”, analisa.
Tributação não se traduz em serviços
Como o nome indica, imposto é uma cobrança obrigatória feita pelo governo para o custeio de despesas administrativas em diversas áreas como saúde, educação, segurança, entre outras. Porém, a teoria não se traduz na realidade.
“Infelizmente, os impostos são muitos e o retorno é bem abaixo do ideal porque os serviços públicos são deficitários na maioria dos casos, especialmente quando se trata de educação e saúde. Quem tem melhores condições quase sempre se vê obrigado a pagar colégios e planos particulares devido à má-qualidade da rede pública”, comenta o autônomo Tales Bueno.