O estudo realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Tendências Consultoria e a Economist Intelligence Group, levou em consideração 65 indicadores, agrupados em 10 pilares: Infraestrutura, Educação, Inova-ção, Capital Humano, Potencial de Mercado, Segurança Pública, Solidez Fiscal, Eficiência da Máquina Pública, Sustentabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental.
Conforme o estudo, o Estado piorou em relação à Sustentabilidade Ambiental. O desempenho na Segurança Pública foi mantido. Nos demais aspectos analisados houve avanços, com destaque nos quesitos Potencial de Mercado e Solidez Fiscal, áreas em que Mato Grosso ocupa a 2ª e 6ª posições, respectivamente. Em solidez fiscal são considerados 6 indicadores: capacidade de investimento; resultado nominal; solvência fiscal; sucesso da execução orçamentária; autonomia fiscal e resultado primário. Já em potencial de mercado são 3 indicadores: tamanho de mercado; taxa de crescimento e crescimento potencial da força de trabalho. Em ambos os pilares, 14 estados, mais da maioria, perderam posições em comparação a 2015.
“Mato Grosso está em uma posição de destaque ascendente. Por ser um estado de desenvolvimento mais recente, acho que é uma posição auspiciosa”, avalia o sócio da Tendências Consultoria, Adriano Pitoli. Ele comenta que a intenção ao elaborar o ranking é medir a competitividade econômica e social dos estados e isso inclui avaliar elementos da gestão pública. Pitoli chama a atenção para a classificação de Mato Grosso no ranking da Eficiência no quesito Potencial de Mercado, que sinaliza o volume de negócios que o Estado pode gerar e o potencial de crescimento econômico nos próximos anos. Nessa área, São Paulo é o estado melhor posicionado, seguido por Mato Grosso e Roraima.
Em Mato Grosso, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) manteve nos últimos 5 anos a média de 3,41%, taxa bem próxima dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mostraram os melhores desempenhos. Vários estados, porém, tiveram desempenhos ruins. Minas Gerais, por exemplo, apresentou crescimento médio de apenas 0,21% entre 2011 e 2015. “Já São Paulo, com um PIB menor do que apenas 15 países da OCDE, possui a força econômica de nações como a Suécia e a Polônia. Sua taxa de crescimento, no entanto, foi de 0,79%, em linha com a desaceleração da atividade econômica observada no país”, registram os autores do Ranking.
Em Mato Grosso, o cenário favorável aos investimentos é resultado da melhoria em infraestrutura logística, complementa o sócio da Tendências Consultoria. Mato Grosso foi o estado que mais evoluiu este ano, em comparação ao ano anterior, neste quesito. Subiu 10 posições, com melhoras relativas no custo de combustíveis, custo de energia elétrica, mobilidade urbana e qualidade das rodovias. Em seguida, Alagoas e Mato Grosso do Sul apresentaram os maiores crescimentos, ambos subiram 9 posições. “Embora a infraestrutura em Mato Grosso ainda seja deficiente, ela mostrou alguma melhora”, pontua Pitoli. “É absolutamente determinante para alavancar o potencial de desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso melhorar a infraestrutura”.
Para ele, o governo federal está “com a agenda corre-ta”, ao buscar intensificar as concessões e privatizações, atraindo investimento para projetos de infraestrutura logística. São Paulo é o estado mais bem avaliado em infraestrutura, seguido pela Paraíba e pelo Rio Grande do Norte. Roraima foi o estado que teve a maior queda em infraestrutura, passando de 7º em 2015 para 19º lugar em 2016. O pilar Infraestrutura foi identificado pelo Ranking como o 2º maior gargalo do país, atrás apenas de Segurança Pública. Na opinião do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e especialista em Logística, Eldemir Pereira de Oliveira, a conclusão da BR-163 (Cuiabá-Santarém) intensificará o desenvolvimento de Mato Grosso mais rapidamente.
Prosseguir com as obras da Ferrovia Vicente Vuolo (que parou em Rondonópolis) até Cuiabá e levá-la ainda mais adiante, até Santarém, dará competitividade ao Estado, no escoamento e comercialização da produção local. Para ele, é necessário diversificar os modais de transporte e incluir hidrovias, como a Teles Pires-Tapajós. Oliveira chama a atenção para a necessidade de interligar os municípios mato-grossenses com pavimentação asfáltica, contemplando a população em geral com os investimentos em infraestrutura.
Aspectos que também são destacados pelo gestor do Núcleo Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Carlos Augusto Zanata. “A BR-163, por exemplo, ainda não foi totalmente duplicada no lado mato-grossense. Em relação às rodovias, de modo geral, ainda há muito a melhorar”, pondera. Para Zanata, com o crescimento da produção agropecuária, mais indústrias tem condições de se instalarem no Estado, especialmente para processamento de carnes suína e de frango.
Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, o Estado precisa prosseguir com melhorias em infraestrutura logística, reduzir o imposto incidente sobre a energia elétrica para o segmento industrial e conceder incentivos fiscais. “Sem incentivo, Mato Grosso não será competitivo porque o custo da logística continua alto. Como o Estado tem uma população pequena, precisa vender produtos fora daqui”.
Em nome do governo do Estado, a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra), por meio de sua assessoria, citou como avanços a pavimentação e recuperação asfáltica de quase 500 km desde o ano passado, bem como a substituição de pontes de madeira por pontes de concreto além de parcerias com prefeituras para melhoria dos aeroportos regionais.
Com Portal do Agronegócio