Pais acusam hospital Santa Joana de troca de bebês em maternidade de SP (Foto: Reprodução Facebook)
A juíza Cláudia Longobardi Campana, da 16ª Vara Cível da Capital, condenou a Maternidade Santa Joana a pagar R$ 60 mil por danos morais aos pais de uma criança trocada no berçário em abril. Cabe recurso contra a decisão. Procurado pelo G1, o hospital ainda não se manifestou.
De acordo com o processo, quando o bebê chegou ao quarto para que a mãe amamentasse pela primeira vez, o pai ficou em dúvida sobre a aparência da filha. O casal chamou a enfermagem e foi confirmada a troca, porque o bebê levado ao quarto pela enfermagem era um menino.
De acordo com o processo, o hospital admitiu a troca nas pulseiras de identificação de duas crianças logo após os nascimentos, e sugeriu a realização de um teste de DNA para sanar dúvidas. Depois de alguns dias, o exame confirmou que, apesar da troca no quarto, as crianças saíram da maternidade com os pais corretos.
Na decisão, a juíza esclareceu que a troca de crianças na maternidade, mesmo sendo transitória, caracteriza dano moral.
“Não se trata de mero aborrecimento. Certas as preocupações, aflições que os autores experimentaram na hora do fato e também posteriormente, eis que exame de DNA se perpetrou”, disse. Ainda de acordo com a magistrada, a quantia foi fixada “atenta às circunstâncias do fato e à capacidade das partes, observando que o equívoco lamentável foi passageiro, que o réu não negou o fato e se responsabilizou pelo exame de DNA”.
O advogado dos pais, Flávio César Damasco, disse que considerou a decisão justa, dentro dos parâmetros que a Justiça vem decidindo. De acordo com ele, os pais esperam que o hospital não recorra da decisão.
A autônoma Ana Paula Silveira contou em abril que, após ela dar à luz a menina Alice, a enfermeira levou para o quarto um menino. O erro, segundo a mãe, só foi percebido quando o marido dela, Victor Hugo Paulino, desconfiou da fisionomia do bebê e pediu para que a funcionária tirasse a roupa e a fralda colocadas no berçário.
“Ele viu que não parecia com a nossa filha e suspeitou quando a enfermeira disse que precisaria trocar as pulseirinhas dela porque o número do quarto estava errado. O bebê estava vestido com as roupas que nós levamos para a Alice, tudo rosa. Quando ela tirou a roupa, vimos que era um menino”, contou Ana Paula ao G1.
Para denunciar o caso, o casal publicou fotos no Facebook dos bebês com as roupas trocadas. “Foi um desespero, minutos de terror porque não sabia onde minha filha estava. Achei que tivesse acontecido algo com ela e que por isso tinham substituído ela por alguém. .. A gente fica até com medo. Qual seria a intenção dessa pessoa?”, questionou a mãe.
A movimentação no quarto de Ana Paula foi percebida pela parente de outra mulher, que tinha dado à luz no hospital no mesmo dia e que dizia ter recebido o bebê errado. Ao invés de um menino, as enfermeiras entregaram uma menina à outra mãe, que, no caso, era Alice, filha de Ana Paula.
Ao constatarem o erro, a garota foi levada até o quarto, onde foi constatado que o menino era filho da outra mulher, internada na mesma ala do hospital. Após a denúncia de troca no berçário, as mães e as crianças fizeram um exame de DNA no dia 30.
As famílias dizem que as pulseiras dos bebês, com os nomes das mães errados, foram trocadas no berçário, já que os recém-nascidos saíram da sala de parto com as informações corretas. Já o Santa Joana informou em nota que, pelos procedimentos padrões do hospital seria impossível que o evento se confirmasse, mas instaurou um comitê para apurar os fatos.
Troca de pulseiras
O pai de Alice, Victor Hugo Paulino, começou a suspeitar de que algo estava errado quando a parente da mãe de outro bebê disse ter visto uma enfermeira trocar a pulseira de uma criança no berçário. “O meu nome estava lá, na pulseira do bebê, mas não era a minha filha”, disse Ana Paula.
Desde o ocorrido, a autônoma não autorizou que a filha voltasse para o berçário até que as duas tenham alta médica. As famílias cobraram explicações da diretoria do hospital, mas até esta publicação nenhuma explicação sobre o ocorrido havia sido dada, segundo Ana Paula.
“Na hora que ela (enfermeira) viu que era um menino, ela não esboçou surpresa, disse que poderia ter ocorrido algum erro na troca do turno e foi embora. Veio um rapaz se desculpando pelo hospital, que isso nunca tinha acontecido, que eles vão fazer uma reunião… Mas até agora ninguém explicou o que aconteceu”, disse.
Fonte: G1