Tecendo sua vida entre literaturas de Direito, de Filosofia, de Artes Cênicas, Marília transpôs fronteiras, levou conhecimentos para além-mar e sorveu culturas de terras estrangeiras. Protagonizou workshops, cursos e seminários no Chile, Argentina e Uruguai, país que lhe
despertou o amor e o respeito por outras culturas e ‘modus vivendi’.
Namorou firmemente a área jurídica por influência paterna, mas casou-se “para todo o sempre” com a Arte, no seu mais amplo espectro. Incursionou pelo teatro, onde dirigiu muitas peças, principalmente no Rio de Janeiro. Aprofundou-se nas nuances do modernista Oswald de Andrade, cujo estudo lhe rendeu o título de mestra pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Ministrou vários cursos no seu berço de conhecimento, a Universidade Federal de Mato Grosso, nossa UFMT.
A mais nova acadêmica lembra de um fato pitoresco: quando se preparava para mais um curso de teatro na Universidade, chega um rapaz muito simples querendo se matricular e logo sofreu a intervenção de um funcionário comunicando que ele não poderia fazer o curso “pois nem aluno da UFMT ele era”. Seu contra-argumento lhe garantiu a vaga ao responder: “Se eu vejo um frango na televisão, por que não posso ter o desejo de comê-lo? Eu tenho necessidade de alimento cultural!”.
Dona de uma oratória ímpar, mudou suas cordas vocais para entre átrios e ventrículos. Prova disso foi a abertura da Exposição “365” na vanguardista Casa do Parque, quando se esmerou num discurso prévio displicentemente deixado de lado e falou com o coração para um público atento e reconhecedor de seu talento.
Foi frequentadora assídua do Solar Barão de Melgaço na década de 70, inebriou-se com saberes, textos, palavras e letras. Apreciou o belo nos ritos e apaixonou-se pela Academia, inquilina nobre do casarão. Provocadora de si mesma, candidata-se à vaga de criação paterna, não pela hereditariedade, mas pela aceitação dos incentivos que recebeu para se preparar e reconhecê-los como fundamentais de ser merecedora para sentar-se à cadeira número 2.
Toma posse no próximo dia 10 de setembro, em comemoração aos seus novos 72 anos. Para o discurso de recepção, a personalidade de Benedito Pedro Dorileo, amigo dileto de seu pai e conhecedor profundo da nova acadêmica. Marília exala felicidade por ter sido votada por acadêmicos da qualidade dos integrantes da Academia Mato-grossense de Letras, o que “aumenta minha responsabilidade”, segundo suas palavras.
Assume com foco na divulgação dos trabalhos dos acadêmicos para maior visibilidade e maior apoio ao histórico Solar Barão de Melgaço. Essa mulher de direito e de letras vai se esmerar para conseguir seus objetivos. E que ninguém duvide disso!