Uma investigação realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e dos Recursos Naturais Renováveis constatou o envolvimento de 41 empresas madeireiras em um esquema ilegal de fraudes relacionadas ao controle de madeira em Mato Grosso e em Rondônia. Entre os dias 20 e 24 deste mês, a operação deflagada pelo órgão resultou em embargos e na aplicação de multas às empresas no valor total de R$ 21 milhões.
O Instituto informou que foram quatro meses de investigação. Nesse período, os fiscais identificaram que mais de 22 mil metros cúbicos de madeira, equivalente a cerca de 1,6 mil carretas carregadas de toras, foram comercializados por meio de informações falsas prestadas aos órgãos ambientais.
O esquema, segundo o Ibama, funcionava por meio de créditos virtuais de madeira informados ao Sistema de Controle de Produtos Florestais do Estado de Mato Grosso (Sisflora-MT). Os criminosos registravam no sistema informações fantasiosas de crédito de madeira para transacionar o produto a outras empresas, que por sua vez utilizavam o crédito para acobertar a exploração ilegal na Floresta Amazônica.
Madeira de áreas protegidas, como terras indígenas e Unidades de Conservação, foi “esquentada” e comercializada como se fosse de origem legal.
O caso será encaminhado ao Ministério Público de Mato Grosso para instauração de inquérito e responsabilização criminal dos envolvidos.
Operação Custódia
A Operação Custódia dá continuidade às operações Maravalha III e IV deflagradas pelo Ibama em 2021 e 2022, que investigaram fraudes na cadeia de produtos florestais e o esquentamento de madeira ilegal por meio de Planos de Manejo Florestal irregulares autorizados no Mato Grosso.
As fraudes, além de atingirem o próprio estado, permitiram a exploração madeireira e o desmatamento ilegal em Rondônia e Pará.
Investigações do Instituto concluíram que, nesses dois anos, mais de meio milhão de metros cúbicos, ou cerca de 13.700 carretas carregadas de toras de madeira exploradas ilegalmente em áreas da Floresta Amazônica, foram introduzidas na cadeia produtiva e comercializadas como madeira legal.
No mesmo período, houve crescimento no desmatamento da Amazônia Legal, conforme registrado no projeto PRODES do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre agosto de 2021 e julho de 2022: a área desmatada foi a maior dos últimos 15 anos, com 1.620 km² desmatados no Mato Grosso e 1.312 km² desmatados em Rondônia.