A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou no domingo, 29, em entrevista ao programa Canal Livre, na Band News, que a sua relação com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, “é muito boa”, e que o político, como representante da União no controle da empresa, “quer saber tudo o que se passa na companhia e torce por nós”.
Além de Lula, Magda elogiou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que teve atritos com a gestão anterior da empresa, de Jean Paul Prates.
“Eu tenho uma relação direta com o governo, não ter seria um absurdo. Então eu busco alinhamento com o acionista majoritário, que é o governo, e com o acionista minoritário, que são meus acionistas privados, e tenho que conversar com os dois, por óbvio”, explicou a executiva.
Segundo ela, o ministro da Casa Civil é muito atuante e faz o papel de entendimento e relação do que acontece na Petrobras e no País.
De outro lado, ela relatou que existe uma relação direta com Silveira e outros ministros, como o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
“Estamos conseguindo conciliar o interesse da sociedade brasileira com o interesse dos nossos investidores, não tem ninguém reclamando”, disse a executiva, ressaltando que a Petrobras tem “empilhado prêmios de governança”.
Lucro após ‘abrasileirar’ preços
De acordo com Magda, a Petrobras continua tendo lucro depois de “abrasileirar” os preços dos combustíveis. Na entrevista, ela informou que o diesel já está há uma ano e meio sem reajuste, assim como o preço da gasolina também está há meses sem mudança.
“Estamos fazendo dinheiro depois de abrasileirar os preços”, disse Magda, estimando em cerca de 30% a diferença do preço dos combustíveis na comparação com dezembro de 2022.
A executiva descartou a volta para o setor de distribuição de combustíveis no curto prazo, e que no momento a Petrobras vem estudando a venda direta para grandes consumidores, como já está fazendo com a Vale.
“Vamos conversar com grandes empresas brasileiras para venda direta”, informou a executiva.
Plataformas
A presidente da Petrobras disse ainda que uma das realizações da sua gestão neste ano foi a antecipação da entrada de duas plataformas, sendo uma com capacidade para produzir 100 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) e outra com capacidade para 225 mil boed.
Destacou também a expansão do refino da empresa.
Segundo a executiva, as modernizações em todas as refinarias da companhia deverão acrescentar uma capacidade de mais 200 mil barris de petróleo por dia (bpd) até 2029.
“O equivalente a construir uma nova refinaria”, disse Magda.
‘Os campos do pré-sal no futuro serão campos de gás natural’
A presidente da Petrobras afirmou ainda que o Brasil tem gás natural, mas que levará algum tempo para trazer para a costa todo o gás produzido na região do pré-sal. Enquanto isso, as parcerias com países vizinhos podem viabilizar o aumento da oferta do insumo e com isso reduzir o seu preço no mercado brasileiro.
“Os campos do pré-sal no futuro serão campos de gás natural”, informou a executiva, explicando que após o esgotamento do petróleo ainda restarão reservas de gás.
Ela informou que ano que vem já será possível importar gás da Argentina, revertendo o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), e que se a produção da Petrobras na Colômbia for bem sucedida, poderá ocasionalmente vir para o Brasil.
“Temos duas descobertas relevantes de gás (na Colômbia), e se a gente ficar no que a gente tem hoje lá, será para atender o mercado local, mas se as expectativas forem mais otimistas, (o gás) pode chegar ao Brasil”, disse Magda.
Margem Equatorial
A presidente da Petrobras defendeu mais uma vez a exploração na Margem Equatorial brasileira e se disse otimista em conseguir a licença ambiental do Ibama para perfurar o poço FZA-M-59. “Entregamos respostas ao Ibama em uma reunião técnica, como eles queriam. Estamos estudando a área há mais de 10 anos e a Petrobras tem todas tecnologia e recursos para fazer essa exploração”, afirmou.
Ela destacou que a Petrobras produz há anos no pré-sal em frente às praias de Copacabana e Ipanema, com total confiança da população e sem acidentes.
“Quando se fala na Foz do Amazonas acham que vão sujar a Ilha de Marajó, que é uma distância duas vezes maior do que a distância (da nossa exploração) em relação a Copacabana”, explicou a executiva.
Segundo ela, o leilão das áreas da Margem Equatorial ocorreu quando ela era diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o objetivo foi diversificar a distribuição de tributos do petróleo. “Ideia é gerar tributos para os estados e municípios da Margem”, afirmou.