Circuito Maçônico

Maçonaria e as mulheres

Em postagem anterior o Circuito Maçônico fez referência a história da Senhora Maçonaria, o que despertou interesse de várias leitoras circuitantes com questionamentos sobre a proibição da presença feminina na Arte Real, sendo esse o motivo pelo qual serão prestadas rápidas informações sobre a Maçonaria e a presença ou não das mulheres em seus quadros.

Esse tema é complexo e qualquer explicação não se mostra fácil, pois alguns podem pensar apressadamente que se trata de misoginia. Mas não se trata em absoluto disso, pois nada mais é do que a aplicação de interpretação de regra da sociedade maçônica inscrita há mais de 300 anos  em seus landmarks, ou seja, nos lindes de sua organização formal desde a sua criação para fins de regularidade.

Portanto, sem qualquer preconceito com as mulheres, mas apenas uma questão de definição organizacional, a resposta para justificar a não admissão de mulheres na Maçonaria é decorrente da tradição multissecular, que segundo traça o terceiro landmark maçônico somente homens bons e verdadeiros, nascidos livres, de idade madura e discretos, com boa reputação podem ser propostos maçons.

Daí porque a Grande Loja Unida de Inglaterra (United Grand Lodge of England – UGLE), considerada a Loja Mãe da Maçonaria, e outras Obediências que cultuam a tradição regular não reconhecem formalmente qualquer organismo maçônico que aceite mulheres. No entanto, a Grande Loja Unida de Inglaterra desde 1998 compreende que as duas jurisdições inglesas para mulheres são regulares na sua prática (Ordem das mulheres maçons e a Excelentíssima Fraternidade da Antiga Maçonaria), exceto quanto à inclusão das mulheres, e indicou que, embora não formalmente reconhecidos, esses organismos podem ser considerados como parte da maçonaria, ao descrever a maçonaria em geral.

Na América do Norte, as mulheres não podem se tornar maçons regulares por si, mas sim juntar-se em corpos separados, que não são maçons ou maçônicos em seu conteúdo formal. Desse modo, ainda que as mulheres não possam se tornar maçons regulares, podem formar corpos separados, mas que atuam com princípios e em causas maçônicas.

E como tal existem muitas Ordens Femininas associadas com a Maçonaria regular, como a Ordem Internacional das Filhas de Jó, a Ordem das mulheres maçons, a Ordem da Estrela do Oriente, Ordem da Estrela do Oriente, as Filhas do Nilo, a Ordem de Amaranth e a Ordem Internacional do Arco-Íris.

Por sua vez, na maioria dos países europeus, mesmo sem reconhecimento formal, as mulheres podem participar em obediências mistas ou exclusivamente femininas, entre as quais estão a Ordem Maçônica Mista Internacional “Le Droit Humain” e as Grandes Lojas para Mulheres de França. Alguns, como o Grande Oriente de França, ou o Grande Oriente da Bélgica, considerados como liberais, reconhecem Lojas Maçônicas para mulheres e aceitam a presença das mulheres nas suas lojas simbólicas, inclusive, iniciando-as.

No Brasil existem diversas ljas maçônicas mistas, como verbi gratia a “Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain”, a “Grande Loja Maçônica Mista do Brasil – GLMMB”, a “Honorável Ordem da Co-Maçonaria Americana – The American Federation of Humain Rights” e a “Grande Loja da Maçonaria Egípcia no Brasil”.

Enfim, a presença da mulher na Maçonaria vai ser definida por cada Obediência Maçônica, dependendo da sua visão tradicional ou liberal dos landmarks, conforme os exemplos acima mencionados, devendo ser lembrado que a instituição maçônica, tendo ou não mulheres nos quadros, é defensora incondicional da igualdade de gênero e da luta das mulheres na conquista de todos os seus direitos na sociedade moderna.

Antonio Horácio da Silva Neto

About Author

Antonio Horácio da Silva Neto é juiz de direito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e presidente da Academia Mato-grossense de Magistrados. Colaborador especial do Circuito Mato Grosso desde 2015.

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