A cantora Lorena Ly lança nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, o clipe “O Vento e a Flor”, na Praça da Mandioca, às 19h. O clipe, intimista, e já disponível no youtube, mostra mulheres reais, ribeirinhas do Pantanal mato-grossense. “Flores que desabrocham em diferentes lugares e condições…", diz descrição do vídeo.
Ex-participante da competição musical, The Voice, atualmente, Lorena Ly se dedica ao primeiro álbum, cuja cuidadosa produção pertence ao violonista, arranjador e compositor Joelson Conceição. Como não poderia deixar de ser, a cantora – com suas raízes imensas – escolheu valorizar, nesse trabalho, os compositores da terra, como Estela Ceregatti, Joelson Conceição e Luciana Bonfim.
“O vento e a flor”, dos goianos Anthony Brito e Kleuber Garcez, abre o caminho do que está por vir: é ela quem ganhará um clipe que será também uma homenagem às grandes e esquecidas mulheres ribeirinhas do Pantanal mato-grossense.
Seria preciso compará-la – não a uma flor, essa metáfora cansada – mas a uma árvore: tamanha a profundidade de raiz, a densidade de tronco, a delicadeza de galhos. É necessário saber adjetivar Lorena Ly. E sua música, que vem do fundo da terra.
Não poderia vir de outro lugar, aliás: Lorena nasceu em Mato Grosso – no Brasil profundo – onde, tendo começado a cantar na igreja – destacou-se mais tarde nos festivais de música do estado, ficando sempre entre os melhores, e vencendo por quatro vezes consecutivas como intérprete na categoria MPB: seu compromisso seria mesmo com a música brasileira, em toda sua multiplicidade.
É isso o que tem de raiz – Lorena cava fundo para achar seu repertório: desenterra um Ataulfo Alves, passa adiante com a dor de Nelson Cavaquinho, diz que precisa ir para encontrar Candeia, mas no caminho – upa, pra lá e pra cá! – faz questão de dar um abraço em Elis, sua musa maior. Pede licença – mil perdões – e vai atrás de Chico Buarque, embora passe antes para cumprimentar Ivan Lins, e acaba se sentando um pouco com o velho Aldir Blanc e seu parceiro Chico Pinheiro, que é considerado um dos artistas mais expressivos da cena musical contemporânea. Lorena é isso – vai da raiz aos galhos mais isolados da música brasileira, como uma árvore grandiosa.
Grandiosidade plantada em dez anos de carreira e muitos palcos diferentes: dos remotos altares da igreja, a cantora passou para os palcos dos já citados festivais de música de Mato Grosso, e, daí, para os que dividiu durante anos com a Cia Sinfônicade Cuiabá; para os das casas de show da cidade; para os de grandes nomes da música brasileira (dividiu-o com o músico, cantor e compositor Filó Machado e abriu os shows de Délcio Carvalho e Zé Renato, por exemplo); para os de teatro (interpretou Terezinha Duranem montagem do musical Ópera do Malandro, de Chico Buarque); e até para os palcos da TV – em 2010, foi caloura do Programa do Raul Gil, retornando em 2012 no quadro Mulheres que brilham (concurso de canto promovido pela Sony Music em parceria com a Bombril). E, mais recentemente (2015), passou (e ficou um bom tempo) pelo concorrido palco do The Voice Brasil, programa da emissora Rede Globo – hoje, o maior concurso de canto do país.
Considerada pelos técnicos uma das participantes mais completas do programa – experimente juntar um repertório de qualidade, uma presença luminosa, uma afinação irretocável e um timbre que encontra sua força exatamente na delicadeza – Lorena foi disposta a mostrar ao Brasil a própria musicalidade extraviada, e conseguiu. Entre elogios que iam da elegância no palco ao controle vocal (Lulu Santos chegou a compará-la a uma bailarina na ponta dos pés), a cantora acabou conquistando o veterano Nelson Sargento, da Velha Guarda da Mangueira, que pediu para estar na plateia para poder assisti-la de perto: desse encontro nasceria em seguida o show Lorena canta Nelson, na casa noturna do dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus – Lapa 40º– no Rio de Janeiro.
Lorena Ly, como uma árvore (repito), sai da terra em direção ao mundo.
SERVIÇO
Lançamento do clipe “O Vento e a Flor”
Nesta terça-feira (8), Praça da Mandioca, Centro de Cuiabá, às 19h
(Colaboração Marília Bonna)