Camila Mattoso e Julio Wiziack – FolhaPress
A J&F não aceitou pagar R$ 11,2 bilhões para fechar um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, que retirou sua proposta. A empresa tinha até 23h59 desta sexta (19) para responder.
A proposta original dos procuradores era de uma multa de R$ 33,6 bilhões. Mas a Lei Anticorrupção (12.846/13) prevê descontos de até dois terços, o que fez o valor baixar.
A contraproposta da J&F foi de R$ 1 bilhão, que representa 0,5% do faturamento do ano passado.
Na semana que vem, uma nova rodada de negociação deve acontecer. O Ministério Público acredita que uma decisão da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deve fortalecê-los.
O grupo, comandado por Joesley Batista, responde a cinco processos por supostas irregulares cometidas nas últimas semanas, quando o acordo de delação premiada de executivos com a PGR (Procuradoria-Geral da República) já estava em andamento.
Às vésperas da homologação da colaboração pelo STF (Supremo Tribunal Federal), empresas da J&F compraram cerca de US$ 1 bilhão.
A CVM investiga se o grupo agiu para se proteger da variação da alta do dólar, por saber que suas revelações balançariam o mercado financeiro -o dólar chegou a bater em R$ 3,39 na quinta (18), dia da operação desencadeada pelas delações.
Para os procuradores, uma eventual condenação pela CVM poderá até inviabilizar as negociações pela leniência, processo em que a empresa se compromete a não cometer novos ilícitos, além de confessar os já cometidos.
ACORDOS
Até agora, foram firmados dez acordos em decorrência das investigações da Lava Jato. Há informações públicas sobre sete deles. O acerto do grupo Camargo Corrêa, considerado favorável à construtora por especialistas de mercado, foi de R$ 700 milhões.
As maiores multas foram as da Odebrecht e da Braskem -mais de R$ 3 bilhões cada uma.
A Braskem teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre -ela precisa pagar menos do que o dobro disso em penalidade. O último dado anual da Odebrecht é de 2015, um prejuízo de R$ 300 milhões.