Foto Andréa Lobo-CMT
Sob pressão da opinião pública, líderes do PSDB ainda não se decidiram se continuarão com Michel Temer (PMDB), após gravações reveladas nas investigação da Lava Jato, em que o presidente aparece em conversa constrangedora com o delator Joesley Batista, um dos donos da JBS S/A. As conversas também atigiram em cheio o presidente nacional da sigla, senador Aécio Neves, que se afastou na última semana.
O presidente regional do PSDB em Mato Grosso, Nilson Leitão, é um dos que defendem que a sigla desembarque do governo, uma vez que é preciso dar "uma recado", em relação a tais casos de corrupção.
“Eu vejo que os nossos ministros deveriam sim, nesse momento, sair. O apoio das reformas nós podemos fazer no Congresso Nacional, sem problema algum, pois as reformas precisam acontecer para o Brasil”, afirmou o deputado federal.
Atualmente o PSDB ocupa quatro ministérios no governo Temer. Antonio Imbassahy comanda a Secretaria de Governo, Aloysio Nunes é o ministro de Relações Exteriores, Bruno Araújo, do Ministério das Cidades e Flavia Piovesan, que comanda o Ministério dos Direitos Humanos. Os tucanos devem se reunir nesta semana para deliberar sobre o assunto.
Gravação contestada
Nilson Leitão, que chegou a defender que o presidente renunciasse, diminuiu o tom. O parlamentar disse que ficou “decepcionado” com o que chamou de “equívocos” apresentados pelo jornal O Globo, ao divulgar o conteúdo do áudio comprometedor com exclusividade. De acordo com o tucano, a reportagem não apontou que a gravação teria passado por edições, como disseram alguns peritos e a defesa de Temer.
“Em minha opinião, eu desembarco do governo. Agora vai ter os contrapontos do presidente Temer, que os áudios foram editados. Ele falou em 50 [pontos de] edições. Ontem o próprio Fantástico [da Rede Globo] tentou argumentar em 14 edições, mas que há edições há, então nós temos que esperar para saber o que é verdade e o que não é”, afirmou o deputado.
Especialistas ouvidos por jornais de todo o País dizem que trechos mais relevantes estão intactos.
Eleições indiretas
O parlamentar afirmou que defende a eleição indireta caso o presidente Michel Temer seja afastado – por renuncia, impeachment, ou cassação do mandato, em julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Caso a eleição seja indireta, os deputados e senadores irão escolher o novo presidente, que vai governar até o final de 2018, um mandato “tampão”, através de voto secreto. Conforme o deputado, neste momento, não há nomes de possíveis candidatos a cadeira de Temer.
“Eu acho que o voto tem que ser aberto, mas tem que seguir a Constituição e para mudar isso precisa mudar a Constituição. Mas tendo eleições indiretas, vai ter eleição de alguém que esteja apto a disputar eleições diretas. Isso vai ser coordenado pelo STF. Então, não vejo motivos para ter desconfiança”, garantiu.
A propositura de elaborar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para convocar novas eleições diretas, segundo o presidente regional do PSDB, pode ressaltar a desconfiança dos eleitores.
“Para isso [eleições diretas] você precisa mudar a Constituição. Se alguém estiver liderando pesquisa, automaticamente, vai ter maior interesse. Quer dizer, é um debate que ainda precisa esperar o momento certo”, concluiu.
Leia mais
"Eu sou defensor da renúncia do presidente Temer", diz Leitão