As lavouras formam imensos tapetes brancos. No estado que mais produz algodão no país, a paisagem em campo verde é bonita antes da colheita. E também chama a atenção quando as máquinas entram em cena. O operador nem precisa parar quando a colheitadeira está cheia de pluma. “Essa aqui encheu, tá pronto. Ali você já manda pra trás, leva até onde você quer deixar e já tá fazendo outro, você não para, né?”, conta o operador Sérgio Alves.
Espalhados pelo campo, fardos que parecem se multiplicar. São inúmeros. Mesmo em uma safra menor que a esperada. Este ano o algodão ganhou espaço em Mato Grosso. As lavouras ocuparam ao todo cerca de 607 mil hectares, quase 8% a mais que na última safra. Só que apesar deste aumento, a produção não deve superar a do ciclo passado.
A colheita deve render 926 mil toneladas de pluma, 1,5% a menos que há um ano. O agricultor Ítor Cherubini sabe bem o motivo da queda: "Faltou chuva, tivemos um período de 58 dias com baixa incidência de chuvas, só dava garoas".
Sol demais, água de menos… A lavoura sentiu. Nos 630 hectares cultivados, o reflexo da seca é visível. Numa safra com produção enxuta, a expectativa está no mercado. A arroba da pluma vale cerca de R$ 83 em algumas regiões de Mato Grosso, 3% a mais que há um mês e 25% a mais que há um ano. É a consequência da menor oferta de pluma em todo país, que deve encolher 13% segundo a Conab. E tudo isso, em um momento em que a demanda pelo produto aponta avanço dentro e principalmente fora do Brasil.
“Nós tínhamos uma expectativa de um estoque alto chinês e, embora estes estoques estejam fluindo bem na China, há demanda por um algodão novo e um algodão de melhor qualidade. Esses algodões estocados na China já há 2, 3 anos já sentem o peso dos anos e o industrial asiático do sudeste asiático quer um produto novo”, afirma o diretor-executivo da Ampa, Décio Tocantins.
Fonte: Globo Rural