A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) entregou mais de 1.700 kits de alimentação escolar para os cerca de 12 mil alunos matriculadas nas 71 escolas de educação indígena que atendem todas as 43 etnias que vivem no Estado. Nesta segunda etapa, até segunda-feira (22.06), foram 490 kits com produtos básicos como arroz, feijão, açúcar, óleo, macarrão, leite e bolacha. Outra parte do kit é complementado conforme a cultura de cada comunidade indígena.
Um dos desafios enfrentados pela Seduc é a distância entre algumas escolas e suas salas anexas. Em muitas localidades, a estrada termina e o transporte é feito pelos rios com a ajuda dos barqueiros que conduzem os kits e também outros materiais como apostilas impressas para onde não há conexão com a internet.
A superintendente de Política de Diversidades Educacionais (Sude) da Seduc, Lúcia Aparecida dos Santos, salienta que que vivemos um momento atípico, pois ninguém esperava e tampouco se preparou para isso. Diante da adversidade, é preciso buscar soluções. “Sabemos da carência e o sofrimento que muitas comunidades têm. Mesmos assim, não medimos esforços para atender às comunidades mais longínquas da Capital”, frisa.
Lúcia Aparecida assinala que a entrega dos kits para a etnia Guató é um exemplo de desafio de logística que a Sude enfrenta para atender a todas as escolas estaduais de educação indígena em Mato Grosso.
Após a compra dos produtos em Tangará da Serra (a 239 quilômetros a médio-norte e Cuiabá) pela Escola localizada em Barra do Bugres (a 168 quilômetros a médio-norte da Capital), a Seduc se encarregou de levar os kits até Porto Jofre em Poconé (a 100 km ao sul de Cuiabá) percorrendo 275 quilômetros (sendo 150 quilômetros de estrada de chão). Somados aos 60 quilômetros de barco, são mais de 300 quilômetros – um caminho percorrido por asfalto, terra e água – até chegar à casa dos alunos.
Nesta segunda-feira (22.06), uma equipe da Seduc se deslocou até Porto Jofre com produtos para a preparação dos kits. Aproveitando a viagem, foram entregues 46 apostilas impressas para cada aluno, referentes à 4ª, 6ª e 7ª semana da Aprendizagem Conectada. A comunidade não dispõe de internet – somente a escola dispõe de energia elétrica. Foram entregues também materiais escolares, máscaras de proteção e álcool 70%.
A equipe da Seduc viajou 275 quilômetros saindo da sede, em Cuiabá até Porto Jofre na divisa com o Pantanal de Mato Grosso do Sul. Desse total, foram 150 quilômetros de estrada de chão, atravessando 127 pontes. Ao chegar em Porto Jofre, o material foi entregue para o barqueiro Adílio Alves de Arruda, da etnia Guató que colaborou na entregue. Ele e um ajudante levaram os produtos para as salas anexas onde uma professora montou os kits. As apostilas foram separadas para a distribuição junto com material escolar – caneta, lápis, borracha caderno – para os estudantes.
“Daqui do Porto Jofre, ainda são mais uns 60 quilômetros rio acima para entregar todos os kits e também demais materiais. Vamos entregar de casa em casa, todas perto do rio”, assinala o barqueiro.
Adílio explica que se sente feliz em poder ajudar o seu povo, pois em tempo de pandemia, a entrega em domicílio é necessária para que as pessoas não saiam de casa. Ao sair para a entrega, o barqueiro e a professora já estão com a lista das famílias em mãos. “Sem esse meu esforço, sem a minha profissão, não seria possível chegar o kit da alimentação, as apostilas até as famílias. Sinto-me feliz e orgulhoso”, comemora.
Colaboração
Lúcia Aparecida lembra que a distribuição – tanto de kit como apostilas – em muitas aldeias só são possíveis com a colaboração com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério da Saúde, através dos Distritos Sanitários Especiais (DSEIs) que levam os materiais para as comunidades indígenas em todo o Estado.