Condenação a 48 anos de reclusão do padre Nelson Koch, 54, é proferida pela Justiça 218 dias depois da prisão dele, que ocorreu no dia 17 de fevereiro deste ano, na cidade de Sinop (500 km ao norte), onde foi denunciado pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual contra 3 adolescentes que frequentavam a paróquia em que ele atuava. O padre está, desde o dia 16 de março, na penitenciária de Ferrugem.
O processo corre em segredo de Justiça e a sentença foi proferida no dia 23 de setembro. Procedimento para apurar denúncias no âmbito administrativo foi concluído pela Comissão Especial de Apuração de Possíveis Crimes Sexuais Cometidos na Diocese e encaminhado para o Vaticano, informa o presidente da comissão, advogado Cláudio Alves Pereira. O teor,
no entanto, não foi divulgado.
A investigação do pároco começou depois que a mãe de um adolescente de 15 anos procurou superiores da igreja e relatou que o filho sofria abusos sexuais. Em seguida, ela procurou a polícia que iniciou a investigação que resultou em pedido de prisão contra Nelson Koch. Solto por decisão do Tribunal de Justiça 4 dias depois, teve nova ordem de prisão decretada ao fim do inquérito policial, novamente preso no dia 16 de março.
O pedido de prisão domiciliar feito pela sua defesa foi negado pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, em junho.
Uma das vítimas, com 15 anos na época da denúncia, foi abusada pela primeira vez aos 7 anos. Investigação apontou que os adolescentes recebiam ameaças veladas do padre que em um dos casos falou que se fosse denunciado causaria mal aos primos da vítima que frequentavam a paróquia, avisando que era pessoa “influente”.
Além de depoimentos das vítimas, a Polícia Civil obteve vídeos, apresentados por elas, que apontam as situações de abuso, inclusive que mostram um dos garotos sendo levado pelo padre até um banheiro.
Ao ser preso, em conversa preliminar, o padre afirmou ao delegado Sérgio Ribeiro que todos os relacionamentos que manteve com os jovens foram com consentimento deles. Mas lamentava o fato de ter que deixar de ser padre em decorrência das acusações e que queria ter preservado a igreja.