Os juros médios das operações com cartão de crédito somaram 332,4% ao ano em setembro, com queda de 65 pontos frente ao registrado em agosto, informou nesta sexta-feira (27) o Banco Central.
O patamar de setembro é o menor desde janeiro de 2015 (326,7% ao ano). Essa queda mais forte ocorre seis meses após o início da vigência das novas regras para o cartão de crédito.
Com a redução, os juros do cartão de crédito se aproximaram, no mês passado, da taxa média cobrada pelas instituições financeiras no cheque especial – que foi de 321% ao ano. Em agosto, a taxa do cheque especial estava em 317% ao ano.
Apesar disso, segundo especialistas, o rotativo do cartão e o cheque especial só devem ser utilizados em momentos de máxima emergência e por um prazo curtíssimo, já que os juros continuam em um patamar muito alto.
A recomendação é que os clientes bancários substituam essas modalidades por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.
Novas regras do cartão de crédito
Na tentativa de reduzir os juros do cartão, em março o governo anunciou novas regras, com vigência a partir do mês seguinte, em abril. Uma delas prevê que o rotativo só pode ser usado até o vencimento da fatura seguinte.
Com o novo formato, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo de 15% do cartão por um mês. Na fatura seguinte, o banco não pode mais rodar a dívida: o cliente paga o valor total ou precisa parcelar a dívida em outra linha de crédito, com o juro mais barato.
Juro bancário médio também cai
De acordo com o Banco Central, os juros médios das operações de crédito com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) atingiram 59,2% ao ano em setembro no caso dos empréstimos para pessoas físicas, recuo de 3,1 pontos percentuais na comparação com agosto.
Também recuou, em setembro, a taxa média de todas as operações (pessoas físicas e jurídicas), para 43,3% ao ano, contra 45,6% ao ano em agosto. No caso dos empréstimos para as empresas, também com recursos livres, a taxa somou 23,2% ao ano em setembro, com queda de 1,1 ponto percentual na comparação com o mês anterior (24,3% ao ano).
A queda dos juros bancários acontece em momento de recuo da Selic, a taxa básica de juros da economia, fixada pelo Banco Central, que influencia a chamada "taxa de captação" dos bancos, ou seja, quanto eles pagam pelos recursos. Desde outubro do ano passado, a taxa Selic caiu 6,75 pontos percentuais, de 14,25% ao ano para 7,5% ao ano.
Os números do BC mostram que as instituições financeiras repassaram toda a queda da taxa Selic, e ainda baixaram os juros um pouco mais. Desde outubro, a taxa cobrada das empresas caiu 7,2 pontos percentuais, a das pessoas físicas recuou 15,1 pontos percentuais e a taxa total (empresas e pessoas físicas) recuou 10,9 pontos percentuais.
'Spread' bancário
Como os juros bancários caíram mais do que a taxa de captação dos bancos, o chamado "spread bancário" (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) caiu nos últimos meses e também em setembro.
No caso das operações com pessoas físicas, o "spread" recuou 11,5 pontos desde o início da queda dos juros, em outubro do ano passado, e 2,7 pontos percentuais em setembro – para 50,7 pontos percentuais. Apesar da queda, esse índice ainda é elevado quando comparado à média praticada pelos bancos em outros países.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários – Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – detinham, no fim de 2016, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país e também 76% dos depósitos.
Taxa de inadimplência
Dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência recuou em setembro deste ano. No mês passado, a taxa de inadimplência geral, nas operações com recursos livres (exclui crédito imobiliário, rural e do BNDES), somou 5,4%, contra 5,6% em agosto deste ano.
Considerando a inadimplência com recursos livres para pessoas físicas, porém, também houve queda no mês passado, par 5,6%, em comparação com 5,7% no mês anterior. No caso das operações com empresas, a taxa de inadimplência caiud e 5,5% em agosto para 5,2% em setembro.