Jurídico

Juiz marca início de novo julgamento de Ledur;

O juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá – Justiça Militar, marcou a audiência de instrução da tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, para o dia 18 de julho. Condenada por maus tratos que levou o aluno Rodrigo Claro à morte, a tenente Ledur agora responde pelo mesmo ato, supostamente praticado contra outro aluno, Maurício Júnior dos Santos.

Maurício participou do 15º Curso de Formação dos Bombeiros em 2016, na mesma turma de Rodrigo Claro. Consta na denúncia apresentada pelo Ministério Público de Mato Grosso, em dezembro do ano passado, que Ledur aplicou castigo pessoal ao aluno, submetendo ele a vários ‘caldos’ – sessões de afogamento.

Após os ‘caldos’, o aluno teria acordado desesperado e vomitando às margens da Lagoa Trevisan, onde os treinamentos aquáticos eram realizados. Maurício buscou atendimento na Policlínica do Coxipó, em Cuiabá, onde os médicos apontaram que o aluno sofreu “esforço físico desgastante, sofreu desmaio, vômitos, 3 episódios, tremor e dor torácica”.

Na última quinta-feira (17), foi constituído o Conselho Especial de Justiça que vai julgar Ledur. Foram sorteados 5 militares para compor o conselho, sendo os oficiais superiores tenente-coronel PM Edylson Figueiredo Pintel e o tenente-coronel PM Otoniel Gonçalves Pinto. Já os oficiais intermediários sorteados foram o capitão PM Heryk Henryk de Deus Pereira; capitão PM Lucas Andreo e a capitã PM Rosana Siqueira Galvão Carvoisier.

“Requisitem-se os militares sorteados para comparecerem à Sessão de Posse e Instrução do dia 18 de julho de 2022, às 13h30min, a fim de tomarem posse e assumirem o Conselho para atuarem na função de Juízes Militares do Conselho Especial de Justiça, independentemente de nova requisição, com as formalidades de praxe”, determinou Marcos Faleiros.

A DENÚNCIA

Conforme a denúncia, após ser convocado para participar do curso de formação, o aluno passou a participar do 4º Pelotão, que compreendia, além de instruções teóricas, aulas práticas de prevenção de incêndios, salvamento terrestre, salvamento em altura e salvamento aquático, esta última disciplina sob responsabilidade de Ledur.

O aluno teria passado em todas as provas para compor o efetivo do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, incluindo o Teste de Aptidão Física (TAF). No dia do treinamento, por volta das 7 horas, os alunos deram início às atividades físicas como corrida, flexões, polichinelos, abdominais, sendo a travessia da Lagoa Trevisan a última atividade.

Após nadar 40 metros, Maurício começou a ter câimbras, o que foi constatado por todos os outros alunos e instrutores. O tenente Janisley Teodoro Silva ainda tentou ajudar Maurício, mas Ledur determinou que os demais alunos seguissem com a travessia e deixassem Maurício para trás. A tenente teria até usado a corda de uma boia para praticar a tortura.

“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, diz trecho da denúncia.

Após vários ‘caldos’, o aluno pediu socorro e segurou nos braços da tenente, que o repreendeu: “Você está louco? Aluno encostando em oficial”. O aluno, então, teria perdido a consciência e acordou desesperado às margens da lagoa, vomitando bastante água. Mesmo diante do esgotamento físico e mental, Ledur ainda teria gritado para ele retornar ao lago.

Porém, o aluno recusou e, por estar sentindo fortes dores de cabeça, preferiu não voltar para o treinamento e buscou atendimento médico.

Redação

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