Cidades

Jovens falam sobre medo de ficar sem celular

De acordo com uma pesquisa divulgada mês passado pela empresa britânica SecurEnvoy, especializada em serviços de segurança móvel, 66% da população do planeta já "sofre" de uma tal nomofobia. Vem a ser o medo, quase pânico, que uma pessoa tem de ficar sem o celular.
 
A publicitária Taís Reis, de 27 anos, não esconde o apego pelo aparelho. No último carnaval, durante o desfile da Orquestra Voadora, no Aterro do Flamengo, a moça abriu a bolsa e viu que seu smartphone havia sido furtado. Ela chorou por 30 minutos e passou uma hora procurando o telefone no chão. Ficou tão desolada que seus amigos decidiram fazer uma vaquinha para comprar outro.
 
— Meus amigos vivem reclamando que, quando saio com eles, não desgrudo do telefone. Eles até brincam dizendo que eu sempre entro "no modo celular". Mas fiquei tão triste quando perdi o smartphone que eles resolveram alimentar meu vício — contou.
 
Entre os jovens de até 25 anos, 77% têm nomofobia
 
Segundo a pesquisa da Inglaterra, que ouviu mil pessoas, 77% dos jovens de até 25 anos têm nomofobia. Mas o "vício" no aparelhinho não é um comportamento exclusivo dos nerds. Hoje, qualquer dono de smartphone passa o dia todo checando e-mails, mensagens, suas redes sociais e as notícias do mundo.
 
É um hábito tão corriqueiro que já existe uma brincadeira, criada nos EUA e disseminada pelo Facebook, para desafiar as pessoas que não conseguem se desplugar. É o phone stacking: numa mesa de bar, todos empilham seus celulares no centro e continuam papeando. O primeiro que não resistir e checar seu aparelho paga a conta.
 
Basta um giro pelo Baixo Leblon à noite para se perceber que, nos estabelecimentos, pouca gente passa mais de cinco minutos sem dar atenção ao seu "amigo de bolso". Na última quarta-feira, no bar Itahy, as amigas Dayanne Azevedo, de 26 anos, e Sheila Eustáquio, de 27, não afastavam olhos e dedos de seus telefones. Quem não estava trocando mensagens ou tirando fotos, estava postando as imagens em redes sociais.
 
— É assim o tempo todo: em casa, no trabalho ou no supermercado — delatou logo o amigo Murilo Tavares.
 
Dayanne, porém, não se irrita com a fama de "viciada".
 
— Não consigo largar. Meu celular avisa toda vez que recebo um e-mail ou recado no Facebook. E eu sempre quero ver qual é a novidade — reconheceu a advogada.
 
A amiga Sheila nunca brincou de phone stacking, mas nem pretende se arriscar:
 
— Eu teria que pagar a conta sempre. Prefiro isso a ficar horas desconectada!
 
O "sofrimento" de não usar o celular durante a aula
 
Entre um gole e outro de chope no bar Jobi, numa mesa com os amigos, o advogado Marco Aurélio Asseff também ficava ligado no telefone.
 
— Estava desmarcando a aula de amanhã com o personal trainer — contou ele, que não se separa do aparelho. — O smartphone facilita muito quando precisamos resolver assuntos de trabalho. Mas até meu filho de 6 anos usa, para brincar com jogos. Utilizo muito e, se esqueço em casa, sinto como se estivesse sem uma parte do corpo. Hoje, todo mundo é viciado.
 
A estudante de direito Hanna Giglio, de 18 anos, sente na pele, duas vezes por semana, essa ansiedade tão típica de uma era dominada pelas tecnologias de telecomunicação. Na sala de aula onde a universitária faz seu curso de espanhol, o telefone fica sem sinal, e a internet 3G também não funciona. Ela não tem outra saída a não ser passar uma hora e 40 minutos desconectada.
 
— O mais difícil para mim é não poder fazer pesquisas rápidas quando sinto vontade ou preciso. Na faculdade, se o professor fala sobre um livro, já pego o celular para saber quem é o autor ou qual o preço. Sou a pesquisadora oficial da turma. Mas, no espanhol, sofro por não poder conferir o significado de uma palavra desconhecida, por exemplo — comenta Hanna.

Fonte: OGLOBO

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.