Cidades

Jovem preso na PB é indiciado por morte de família na Espanha

Suspeito de ser partícipe no homicídio de família paraibana na Espanha foi preso em João Pessoa (Foto: Diogo Almeida/G1)

Marvin Henriques Correia, suspeito de "dar dicas" via Whatsapp ao suposto autor da chacina de uma família na Espanha, foi indiciado pela Polícia Civil da Paraíba como partícipe na morte de Marcos Campos Nogueira, a última vítima da chacina. O delegado Reinaldo Nóbrega disse nesta sexta-feira (11) que o inquérito foi concluído na segunda-feira (7). Ele entende que Marvin "incentivou" o crime. O rapaz foi preso pela Polícia Civil no dia 28 de outubro.
De acordo com a polícia, Marvin manteve um conversa e troca de fotos via Whatsapp com Patrick Gouveia, sobrinho de Marcos Campos e suspeito confesso do crime. Marvin está preso em um setor isolado no Complexo Penitenciário Romeu Gonçalves de Abrantes, o PB1, em Jacarapé.

O advogado de Marvin, Sheyner Asfora, diz que a conclusão de que o jovem não sabia que Patrick iria cometer o crime confirma a teoria que a defesa apresenta desde o início do caso. "No decorrer da apuração penal, [a Justiça]  vai entender que a conduta de Marvin não foi relevante para a realização do crime", defende. Sheyner diz que agora vai aguardar o posicionamento do Ministério Público.

Incentivo ao crime
Na segunda-feira, a Justiça já tinha mantido a prisão de Marvin, alegando haver "indícios fortes" que ele sabia do intento do suspeito que confessou o assassinato da família, "já que não esboçou reação de surpresa quando o amigo lhe informa o ocorrido".

O delegado Reinaldo Nóbrega, no entanto, diz que não há provas de que ele premeditou ou sabia que o amigo cometeria o crime. "Mas, qualquer amigo, sabendo de um crime desse, no mínimo iria bloquear, não ia incentivar", analisa.

Reinaldo Nóbrega também disse nesta sexta-feira que, ao estudar o inquérito, teve acesso à documentação enviada pela Guarda Civil espanhola, avaliada por ele como "muito vasta e detalhada". "A gente tem como monitorar a conexão de dados [dos aparelhos celulares], a partir de que momento ele começou a trocar mensagens com Patrick. A conversa só começou depois que ele [Patrick] tinha matado Janaína e os dois primos", o que, segundo o delegado não permite indiciar Marvin pelas três primeiras mortes.

Reinaldo também defende que o jovem tem participação no crime "por ter incentivado, por ter instigado" o amigo, mas também avalia que, na hora de fixar a pena, o juiz deve considerar que ele não foi o executor. 

'Fortes indícios'
Ao decidir manter a prisão de Marvin, o juiz José Guedes diz que há indícios da participação do suspeito no crime nas mensagens trocadas entre Marvin e Patrick, onde “percebe-se que o Paciente [Marvin] reage ao início de diálogo como se estivesse continuando uma conversa, dando a entender que já sabia de toda a empreitada criminosa como ocorreu”.

O juiz ressalta, ainda, que Marvin participa ativamente da conversa, “inclusive havendo enviado arquivo a fim de auxiliar François Patrick na ocultação dos cadáveres”. Segundo o documento, “há indícios fortes de que o Paciente sabia do intento de François Patrick de assassinar toda a família, já que não esboçou reação de surpresa quando o amigo lhe informa o ocorrido, fazendo-nos crer da possibilidade de ter, em alguma medida, participado da empreitada criminosa”.

PF não vê crime
Uma semana após a prisão de Marvin, o delegado da Polícia Federal Gustavo Barros, responsável pelo inquérito que investigou Patrick Gouveia, já tinha dito que não viu crime na participação de Marvin. A polícia, ao encerrar a investigação, decidiu por não indiciar nem pedir a prisão do amigo de Patrick. O inquérito da Polícia Federal foi fechado no dia 24 de outubro, após Patrick se entregar e em seguida confessar o crime à polícia na Espanha. O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público da Paraíba e acolhido pela Justiça.

Para Barros, as conversas trocadas entre os suspeitos deixam claro que o contato entre eles só aconteceu depois que a mulher e os filhos do casal já estavam mortos e não há como afirmar que Marvin tenha influência direta na morte do tio de Patrick. “Se tirássemos o Marvin da história, a situação teria acontecido do mesmo jeito”, concluiu.

Entenda o caso
Os corpos de Janaína, Marcos e das duas crianças foram achados esquartejados em uma casa na cidade espanhola de Pioz em setembro, depois que um vizinho alertou sobre o mal cheiro perto da casa da família.

Após o início das investigações, a Justiça emitiu uma ordem de prisão europeia e internacional contra Patrick, mas até então o suspeito ainda não havia recebido nenhuma notificação sobre o mandado de prisão no Brasil.

Ele resolveu se entregar após o advogado dele, Eduardo Cavalcanti, voltar para o Brasil e explicar à família os detalhes do processo. O advogado informou que Patrick acredita poder se defender melhor das acusações na Espanha.

O advogado disse que ficou surpreso ao saber da confissão, uma vez que enquanto estava no Brasil, Patrick negava ter cometido o crime. “Foi algo que surpreendeu, na verdade, porque o Patrick volta para a Espanha alegando que precisaria estar lá porque teria melhores condições de apresentar suas versões do fato e se defender de suas acusações. Aqui, ele insistiu em sua inocência”, disse Cavalcanti.

 

Fonte: G1

Redação

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