"Com esta operação, a JBS que é líder global no mercado de carne bovina, … isso nos coloca como a segunda empresa brasileira em alimentos processados no Brasil (atrás da BRF) e também nos coloca na liderança globalmente no setor de aves", disse o presidente da JBS, Wesley Batista, em conferência a jornalistas para comentar o negócio anunciado nesta segunda-feira, destaca a Reuters.
O negócio
A JBS, maior empresa de carnes do mundo, vai comprar a Seara Brasil, divisão de aves, suínos e alimentos processados da Marfrig Alimentos, e um negócio de couros da Marfrig, a Zenda, em uma transação de R$ 5,85 bilhões.
O valor da aquisição será pago pela JBS por meio da assunção de dívidas da Marfrig, que somavam ao final de março quase R$ 13 bilhões, após uma série de aquisições nos últimos anos.
Por volta das 11h40, as ações da Marfrig subiam mais de 11% na Bovespa, liderando as altas do dia no índice. Já as ações da JBS caíam mais de 5%.
Mercado de aves
A JBS, que conta com operações em aves nos Estados Unidos, México, Porto Rico e agora no Brasil, via Frangosul e Seara, passará a ter uma capacidade de abate diário de 12 milhões de aves por dia.
Questionado sobre como ficaria o percentual de participação da JBS no mercado internacional, Batista evitou dar detalhes sobre o assunto, disse apenas que deve avaliar os números disponíveis da Seara.
A JBS adquiriu a Pilgrim's Pride, líder em aves nos Estados Unidos, em 2009. Batista afirmou que acredita na capacidade de integração das unidades adquiridas para trazer valor às operações. Como exemplo citou que as ações da Pilgrim's estavam em torno de 5 dólares na época da aquisição, mas agora estão sendo negociada em cerca de 14 dólares.
A Seara Brasil acrescentará ao faturamento anual da JBS cerca de R$ 10 bilhões. Com o negócio comprado da Marfrig, o faturamento anualizado da JBS se aproxima de R$ 100 bilhõe. Inicialmente, com a integração de aves e suínos, a JBS estava prevendo entre R$ 89 e R$ 90 bilhões. No ano passado, a JBS encerrou o ano com receita de quase R$ 75 bilhões.
A JBS entrou no segmento de aves no Brasil em meados do ano passado, com ativos da Doux Frangosul no Brasil.
"O negócio com a Frangosul era um sinal da nossa intenção de crescer em aves, suínos e processados… É um movimento estratégico para o grupo de ampliar nossa participação em segmentos de alto valor agregado e, logicamente, das nossas margens", disse Batista.
Os ativos da Seara que serão transferidos para a JBS incluem 30 plantas de aves e suínos no Brasil, com capacidade total de abate de 80 mil toneladas em produtos processados e industrializados, além de escritórios em países-chave para as exportações da Seara.
A operação também dá mais força às operações com aves e suínos no Brasil, uma vez que 50% das vendas da Seara são para o mercado interno, ganhando musculatura para competir com a BRF, que já é a líder no mercado interno de aves.
Batista disse que vê muitas sinergias entre os negócios de carne bovina, suína e de aves no que se refere às operações de venda, logística e distribuição e afirmou que não pretende fechar plantas, uma vez que espera crescimento da Seara no Brasil.
Já a Marfrig não vê necessidade de uma nova venda de ativos, disse nesta segunda-feira o presidente da Seara Brasil, Sérgio Rial. Ele acrescentou que a operação com a JBS coloca a companhia no melhor perfil de dívida dos últimos anos.
Fonte: G1