Política

Janaina pede renúncia de Taques e o acusa de ser “policianesco”

Foto Marcos Lopes/ ALMT

A deputada Janaina Riva (PMDB) afirmou que os deputados e membros do Judiciário e Ministério Público, supostamente vítimas de esquema de interceptações telefônicas ilegais realizadas com o envolvimento do ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, não podem ser expostos por um governador “vingativo, rancoroso e policialesco”.

“Nós não podemos ser expostos por um homem vingativo, rancoroso, policialesco, que só fez perseguir aqueles que se opuseram a ele. Quem fez os grampos já foi pego, agora nós aguardamos o mandante”, argumentou.

A deputada disse também que espera que o governador Pedro Taques (PSDB) renuncie ao cargo, antes que a Justiça ou a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) o afaste.

“Se isso for verdade, eu não gostaria que o afastamento do governador ocorresse pela Justiça e não por essa Casa. O que ele fez é um atentado à democracia, um atentado ao Parlamento. Isso merece uma resposta da sociedade”, relatou Janaina.

Para Janaina, outros deputados podem ter sido vítimas de espionagem, supostamente a mando do tucano.

A deputada declarou ainda que o coronel Zaqueu, preso nesta terça-feira (23), por determinação do juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada em Crimes Militares de Cuiabá, vai contribuir e revelar quem foi o mandante dos grampos.

“Que [Pedro Taques] não aguarde ser expulso, porque  eu não imagino nada menos do isso pelo que ele fez e tenho certeza que o coronel Zaqueu vai contribuir e vai revelar quem foi que mandou fazer esses grampos, mas pra mim já não resta dúvida alguma”, acusou.

Prisão de Zaqueu

A prisão do o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, e do cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Golveia Junior foi decretada pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada em Crimes Militares de Cuiabá.

No fim da tarde desta terça-feira (23), Zaqueu e Gerson Luiz passaram por audiência de custódia e realizaram exame de Corpo Delito no Fórum da Capital. Após isso, o coronel Zaqueu foi encaminhado para o Batalhão Operações Policiais Especiais (Bope), na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (do CPA), e o cabo Gerson encaminhado para o batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), no bairro Dom Aquino.

A denúncia apontou que membros da Polícia Militar aproveitaram uma investigação relacionada ao tráfico de drogas na região de Cáceres (177 km de Cuiabá), para inserir números telefônicos de políticos adversários ao governo, médicos, advogados, jornalistas, servidores públicos e até desembargador aposentado de Mato Grosso, em um pedido de quebra de sigilo.

O requerimento para as interceptações teria sido encaminhado ao MPE, que por sua vez formalizou a solicitação à Justiça estadual. A autorização teria partido do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que não teria tido conhecimento de que nem todos os números relacionados pela PM estavam relacionados com o crime tratado no processo.

A prática já é conhecida no mundo da espionagem como “barriga de aluguel”.

A prisão preventiva, de acordo com a decisão, tem prazo de 30 dias, podendo ser estendida por mais 20.

Zaqueu ficou no cargo de comandante-geral da PM por 460 dias. Sua exoneração foi anunciada no dia 12 de janeiro de 2016.

De acordo com a decisão, Marcos Faleiros, com base no inquérito da PM e de informações divulgadas pela imprensa – a partir da denúncia realizada pelo promotor de Justiça Mauro Zaque à Procuradoria-Geral da República (PGR) -, identificou indícios suficientes do envolvimento de Zaqueu e Gerson Luiz no esquema de arapongagem.

 Zaqueu é acusado de ter atuado não só como mandante, mas como o responsável por manter contato pessoal com magistrados para viabilizar a quebra de sigilo telefônico ilegal em Mato Grosso.

Já Gerson Luiz foi acusado de ser responsável por formalizar os pedidos, prorrogações e relatórios de inteligência dos grampos militares ilegais à Justiça.

“Documento foi fraudado”

Acusado de omissão, e sentindo-se atacado em sua honra, Pedro Taques partiu para o contra-ataque e afirmou nunca ter sido comunicado sobre a central de supostas interceptações telefônicas ilegais. Além disso, acusou Mauro Zaque de apresentar ofício com protocolo fraudado à Procuradoria-Geral da República.

De acordo com o tucano, o número do protocolo do ofício apresentado por Zaque é o mesmo de outro ofício protocolado pela Câmara Municipal de Juara solicitando a realização de obras naquele município.

Taques revelou que a única denúncia que chegou ao seu conhecimento, diversa da que veio a público, foi recebida do então secretário Mauro Zaque, no dia 8 de outubro de 2015. Esta foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 14 daquele mês, e arquivada pelo então coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, no dia 27 de outubro de 2015.

“Como governador, só posso tomar as providências que meu cargo determina, a partir do momento que tenho conhecimento do documento. Como tomar providências se eu não conheço o documento?”, questionou.

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Felipe Leonel

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