O fotografo Luciano Candisano passou dois anos visitando a região para conhecer o comportamento do jacaré. “Essa água clara funciona como uma janela para um ambiente desconhecido, que é o ambiente do fundo dos rios pantaneiros. O jacaré é um dos melhores exemplos disso, porque a imagem tradicional desse animal é daqueles olhinhos flutuando na superfície do rio, mas isso é só ponta do iceberg. A beleza desse animal, da biologia dessa espécie, está escondida debaixo da água”, disse.
Os campos alagados são aquários naturais. Nos braços de água que se formam pela vegetação há muita concentração de peixes, que atraem a espécie. “Ele responde a vibrações na água, nessa época do ano os peixes estão deixando os campos alagados em direção ao rio e produzem vibrações na água”, explicou Candisano.
No cerrado, na vegetação coberta de lodo e nas áreas onde pouca água, os jacarés são facilmente encontrados. Eles são animais de sangue frio e para regular a temperatura do corpo, eles ficam no sol quando está frio e para esquentar voltam para a água.
O pantanal é tão plano que quando chove a água fica parada espalhada pelos campos e demora a escoar pelos rios. Por isso a vegetação vai filtrando essa água, e é nesses locais que os peixes e jacarés se concentram.
Ainda segundo Candisano, os jacarés se adaptam aos períodos. Na seca extrema, eles passam meses sem comer enterrados na lama.
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal pesquisam jacarés há mais de 15 anos. Na década de 80 estima-se que quase dois milhões de jacarés foram mortos para a retirada ilegal de couro. Hoje, a população está em torno de 10 milhões de animais.
Fonte: G1