Aproveitando que esta é a época do 13º salário, pelo menos para quem está empregado, quero voltar à questão do capital necessário para garantir segurança financeira na velhice. Para começar, ter uma reserva que possibilite isso já é um desafio, que aumenta substancialmente se pensarmos na hipótese de não depender da Previdência. No livro “4 dimensões de uma vida em equilíbrio”, três especialistas em finanças mostram, através de uma regra fácil de memorizar, como calcular a poupança a ser acumulada durante a vida.
Denise Hills, Jurandir Macedo e Martin Iglesias usam quatro números para medir a “saúde” do dinheiro guardado ao longo da vida: 1-3-6-9. O número 1 seria o valor da poupança recomendável para uma pessoa com 35 anos: nessa idade, o ideal seria ter um ano de salário em algum tipo de investimento. O número 3 seria o valor de poupança para quem chegasse aos 45 anos: três anos de salário. Aos 55 anos, seriam seis anos de salário e, aos 65 anos, nove anos de salário – o que permitiria a tão sonhada segurança.
Vamos imaginar alguém que ganhe R$ 5 mil por mês. Aos 65 anos, essa pessoa deveria ter R$ 540 mil aplicados. A conta é feita assim: R$ 5 mil de salário x 12 meses (R$ 60 mil, o que ganharia em um ano) multiplicados por 9 anos, para manter a mesma renda sem precisar da aposentadoria – considerando uma expectativa de vida de 80 anos. Absurdo? Inviável? Infelizmente sim, para a maioria esmagadora da população. Mas esta conta foi feita para se viver sem depender da Previdência, ou seja, trata-se do cenário mais conservador possível, porque todos esperamos que as reformas que serão feitas não deixarão a sistema ruir, deixando os pensionistas sem qualquer proteção.
Antes de jogar a toalha, vamos acompanhar o raciocínio do trio de autores, que propõe o hábito de poupar desde cedo: quem está com 25 anos deveria guardar 10% da sua renda (a idade menos 15). Se quiser começar a poupar com 26 anos, será preciso reservar 11% (26 anos menos 15). Resumo da ópera: conforme a idade a avança, maior terá que ser a poupança. A dificuldade para investir numa reserva financeira não é só brasileira. Num de seus últimos números, a revista britânica “The economist” trouxe artigo sobre problema semelhante nos Estados Unidos e na Inglaterra: cresce o número de pessoas que terá que continuar trabalhando por mais tempo ou verá sua renda cair consideravelmente ao pendurar as chuteiras.
Fonte: G1