A Infraero, estatal que administra 60 aeroportos públicos no Brasil, começa 2015 em situação “delicada”, de acordo com seu presidente, Gustavo do Vale. Ainda sem orçamento definido para este ano, a empresa pode registrar prejuízo de R$ 500 milhões, que terá que ser coberto pelo governo. Além disso, está devendo a empreiteiras que realizam obras em seus aeroportos cerca de R$ 150 milhões que deveriam ter sido pagos em dezembro.
“A situação é delicada, lógico. Não fizemos nenhum pagamento de obra em dezembro”, disse Vale, em entrevista ao G1. De acordo com ele, porém, o Tesouro liberou nesta semana R$ 100 milhões para quitar parte dessa conta. Mesmo assim, a Infraero ainda vai ficar devendo R$ 50 milhões de dezembro.
O presidente da Infraero disse que, apesar do atraso no pagamento, não houve, até o momento, paralisação de obras nos aeroportos. De acordo com ele, o problema já era esperado devido às mudanças no governo da presidente Dilma Rousseffx para o segundo mandato.
Zerado
Vale informou que tem em caixa recursos para cobrir apenas as despesas administrativas da Infraero e até o final de janeiro. Para investimentos, já não há mais dinheiro. “Custeio nós estamos dando conta, a parte administrativa nós ainda não estamos tendo problema de caixa. Mas vamos ter a partir do final de janeiro. Agora, para investimento, [o caixa] está zerado”, disse.
Ele informou que já negocia com o Ministério da Fazendax como será feita a cobertura do déficit da estatal em 2015. Também disse que esse rombo, estimado em até R$ 500 milhões, pode ser reduzido com a aprovação, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), nas próximas semanas, de um reajuste no valor das tarifas aéreas. Se isso ocorrer, o prejuízo neste ano pode cair pela metade, para cerca de R$ 250 milhões.
A Infraero também espera receber recursos do governo para viabilizar um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV). “Nós temos 2,6 mil funcionários além do que precisamos e o mesmo número de inscritos em PDV, mas não temos recursos para pagar [as rescisões]”, disse.
Essa dificuldade de caixa da Infraero é reflexo direto dos leilões de aeroportos feitos pelo governo ao longo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. A estatal perdeu as receitas com cinco dos maiores terminais do país: Guarulhos, Campinas, Brasília, Galeão e Confins, que hoje são administrados por concessionárias.
A Infraero é sócia das concessionárias desses 5 aeroportos e a previsão é que, depois de 2020, passe receber dividendos. Daqui até lá, porém, esses recursos devem ser totalmente reinvestidos em obras nos próprios terminais.
Fonte: G1