Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fecha 2022 com aumento de 5,79%, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora tenha ficado 4,2% abaixo da inflação oficial registrada no ano passado, o indicador furou o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional pela quarta vez consecutiva – que em 2022 era de 5%. O resultado foi puxado pelo grupo alimentação e bebidas (+11,64%), que teve o maior impacto no acumulado do ano.
A maior influência para o aumento de preços na parte de alimentação foi a disparada da cebola. O legume subiu mais de 130%, a maior elevação entre todos os 377 subitens que compõem o IPCA. “A alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e às questões climáticas”, explica André Almeida, analista do levantamento.
Problemas no campo também afetaram o preço do leite longa vida, que terminou o ano passado 26,1% mais caro em relação a 2021. A subida se acentou entre os meses de março e julho, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%. “A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano”, complementa.
O cenário fez as famílias brasileiras buscarem alternativas para satisfazer o paladar e o bolso. Para reduzir os custos com as visitas aos restaurantes, a enfermeira Thais Medeiros passou a preparar suas próprias marmitas para a semana. “Com o patamar de preços das carnes, é fundamental buscar receitas que as façam render, como cortes moídos e desfiados. Além de reduzir os custos e variar o cardápio, ainda evita-se desperdícios”.
Já a estratégia utilizada pela comerciante Alessandra Campos para economizar é fazer compras em atacadistas e priorizar produtos e marcas mais baratas. “Com compras maiores, reduz-se as idas frequentes ao mercado e os gastos desnecessários. Além disso, é possível substituir itens ‘sem grife’ para poupar dinheiro. Muitas vezes, a qualidade é bem similar”.
Famílias pedem empréstimo para comer
Encher o carrinho de compras no supermercado diante da pressão inflacionária tem se tornado uma missão mais difícil para a maioria dos consumidores e a saída para muitos tem sido a contratação de empréstimos bancários. Estudo do Plano CDE aponta que o número de pessoas que fizeram financiamento nos últimos meses para suprir necessidades básicas varia de 45% a 50% entre as classes mais humildes.