Economia

Indicador de Consumo Aparente de Bens Industriais cai 5,4%

O Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais caiu 5,4% em abril, se comparado a março. No entanto, em relação a abril de 2020, o indicador, que mede a demanda interna por bens industriais por meio da produção industrial interna não exportada, somada às importações, cresceu 28,9%. 

O trimestre móvel registrou elevação de 15,6% em relação ao mesmo período de 2020. Em doze meses, a variação acumulada ficou nula, mas a produção industrial – medida pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – acumulou crescimento de 1,1%. 

A produção interna destinada ao mercado nacional apresentou queda de 2% em abril. Após uma alta de 10% em março, a importação de bens industriais recuou 10,6% em abril. Os dados foram divulgados, hoje (8), no Rio de Janeiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O fraco resultado de abril em relação a março foi disseminado entre as grandes categorias econômicas e todos os segmentos tiveram queda na margem. A exceção ficou com bens de consumo duráveis: alta de 6%. “Vejo o resultado como uma acomodação da indústria de transformação como um todo”, disse o pesquisador do Ipea, Leonardo Carvalho, em entrevista à Agência Brasil.

Um dos componentes do investimento, o segmento de bens de capital foi o destaque negativo com queda de 33,5%. Para Leonardo Carvalho, a explicação é a alta da base de comparação no período anterior, que foi impactado pela importação de plataformas de petróleo associadas ao Repetro (regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens que se destina às atividades de pesquisa), que suspende a cobrança de tributos federais na importação de equipamentos para o setor de petróleo e gás, principalmente as plataformas de exploração. 

“A gente teve nos três primeiros meses do ano um impacto muito grande em razão da contabilização das plataformas de petróleo associadas ao regime Repetro, então houve um crescimento muito forte de importações, particularmente no setor de bens de capital, mas que também acaba afetando as estatísticas de importação. Isso causou também uma base de comparação muito alta em março”, explicou.

Dificuldades

O pesquisador destacou, ainda, que a indústria tem enfrentado dificuldades com a escassez de insumos, o que também tem impactado no aumento de custos. Esse, segundo ele, é um efeito não só brasileiro como também mundial. 

Além disso, os estoques viraram o ano muito abaixo do que os empresários consideram como nível ótimo. Isso, no entanto, já diminuiu no primeiro trimestre do ano. “A gente virou o ano muito abaixo e esse cenário mudou um pouco porque houve uma recomposição ao longo dos três primeiros meses de 2021”, disse.

Apesar disso, na comparação com abril de 2020, todos os setores cresceram, também com o destaque para bens de consumo duráveis: avanço de 175,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Produção

Conforme o indicador, nas classes de produção, a demanda interna por bens da indústria de transformação também recuou e registrou baixa de 5,6% sobre março. Movimento diferente da indústria extrativa mineral, que cresceu 7,1%, compensando a queda de 6,4% no período anterior. 

Oito dos 22 segmentos observados na análise setorial avançaram e mantiveram o índice de difusão, que compara o crescimento dos segmentos da indústria de transformação com o período anterior após o ajuste sazonal em 36%. O destaque ficou para os segmentos de veículos e alimentos, com altas de 3% e 2,8%, respectivamente.

Já na comparação interanual dos setores, 21 segmentos acusaram crescimento, com destaque para os de veículos e outros equipamentos de transporte. Eles foram muito afetados pela pandemia em abril de 2020, e cresceram 742,4% e 170%, respectivamente. No acumulado em doze meses, 14 segmentos tiveram variação positiva, entre eles, o grupo de outros equipamentos de transporte, com alta de 23,4%.

Perspectivas

Na visão de Leonardo Carvalho, a atividade econômica mostrou certa resiliência em relação à segunda onda da covid-19, em parte porque a sociedade aprendeu a lidar com as medidas de restrição e distanciamento social. Isso acabou fazendo com que a mobilidade não sofresse tanto este ano como ocorreu em 2020.

“De abril para maio, em relação à confiança, a gente já vê uma volta do crescimento da confiança dos empresários, não só da indústria como também de outros setores, como comércio e serviços. O caso da indústria tem a ver também com o cenário internacional. Ao longo de 2021 a gente vai continuar tendo esse impacto positivo de recuperação mais forte da economia mundial, consequentemente, acompanhado dos preços de commodities que afetam positivamente a economia brasileira como sempre aconteceu”, observou, completando que este é um fator positivo para este ano.

Para o pesquisador, a atividade econômica tende a se expandir mais com o avanço da campanha de vacinação contra a covid-19. “Apesar do ritmo [de vacinação] ainda não ideal, acho que no segundo semestre a gente vai ter um cenário onde esse risco passa a ser muito menor. Isso também gera uma expectativa positiva para recuperação maior de serviços. Isso é importante para a economia porque é o setor que emprega mais”, finalizou.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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