Em relatórios a investidores, Bradesco, BTG Pactual e Merrill Lynch consideraram que a decisão dos fundos Previ e Tarpon, acionistas da BRF, de indicar Abilio deve resultar na valorização da companhia, criada com a fusão de Sadia e Perdigão.
"Ter um dos mais experientes executivos do varejo de alimentos como membro do conselho vai contribuir para a valorização da empresa no longo prazo", diz o Bradesco.
Na última sexta-feira (22), dia seguinte à indicação, as ações da BRF subiram 5,08%.
A indicação de Abilio, no entanto, foi vista com ressalvas pela diretoria-executiva da BRF, como revelou a Folha anteontem.
A confirmação de Abilio, juntamente com a dos demais membros do conselho, ainda precisa ser votada em assembleia-geral de acionistas da BRF, prevista para 9 de abril.
O conselho de administração não participa do dia a dia de uma empresa, mas define as estratégias dos acionistas.
O BTG considera que a chegada de Abilio tem "grande potencial de melhorar a cultura corporativa e as ambições de longo prazo".
"Abilio traz para a BRF seu profundo sobre varejo e sobre as preferências do consumidor brasileiro", diz o Bank of America Merrill Lynch. O banco também ressalta o fato de Abilio ter "bom relacionamento com o governo".
Para os analistas do banco, conflitos de interesse são evidentes, mas podem ser evitados. A BRF é a maior fornecedora do Pão de Açúcar (e o grupo, o principal cliente da BRF). As empresas também competem em algumas categorias de marcas próprias.
Para evitar conflitos, o banco sugere que Abilio se abstenha de votar em decisões envolvendo o Pão de Açúcar.
O Casino, controlador do Pão de Açúcar, pediu a renúncia de Abilio da presidência do conselho, justamente por ver conflito de interesse.
A Folha procurou Abilio, mas o empresário não quis dar entrevista.
Fonte: FOLHA.COM