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O governo brasileiro fez progressos ao lidar com desequilíbrios econômicos e fiscais nos últimos meses, mas o crescimento econômico fraco e dívida elevada indicam que a estabilização do déficit público permanecem um desafio, afirmou a agência de classificação de risco Fitch Ratings, ao comentar a nota de crédito soberana “BB” com perspectiva negativa — dois níveis abaixo do grau de investimento.
Segundo a Fitch, a inabilidade para propor medidas que gerem crescimento é um fator que pode levar ao rebaixamento da nota do Brasil.
Desde que a nota foi reafirmada, em novembro, o governo aprovou o teto para os gastos públicos e introduziu um projeto de reforma da Previdência, ressaltou a agência, o que mostra que o ambiente político melhorou desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Por outro lado, a reforma da Previdência, peça-chave para tornar o teto de gastos crível e efetivo, deve se provar mais difícil de ser aprovada. Outro ponto, segundo a Fitch, é que a volatilidade política pode ressurgir e as reformas impopulares podem se tornar mais difíceis à medida que o ciclo eleitoral de 2018 se aproximar.
Para a agência, a inflação em queda e o déficit em conta corrente de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 — ainda que refletindo a forte queda nas importações — merecem destaque positivo. No entanto, pesam negativamente na avaliação do país a contração do PIB pelo sétimo trimestre consecutivo (algo visto no terceiro trimestre do ano passado) e o déficit público ainda elevado, ao redor de 8,9% do PIB, destacou a Fitch.
Perspectiva negativa Na ausência de taxas de crescimento mais altas para a economia brasileira, o gradualismo da administração de Michel Temer não será capaz de estabilizar a dívida pública em um prazo mais curto, afirmou a Fitch.
Segundo a agência, a perspectiva negativa da nota do Brasil reflete o desequilíbrio fiscal e o tamanho da dívida pública.
No relatório, a Fitch afirma esperar que o Brasil saia neste ano da recessão. Segundo a Fitch, contudo, a trajetória das receitas e a dinâmica de gastos se mantêm desafiadores, refletindo os anos de recessão econômica. A severa crise pela qual passam alguns Estados também pode impor riscos negativos à dinâmica fiscal.
Segundo a agência, a incapacidade de conter o ritmo de alta da dívida pública, a inabilidade para propor medidas que gerem crescimento econômico e passivos potenciais formam o conjunto de fatores que podem contribuir para um novo rebaixamento da nota brasileira. A nota do Brasil é “BB” com perspectiva negativa, ou dois níveis abaixo do grau de investimento.
Fonte: Valor Econômico