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Gripe Aviária: acordos com Coreia do Sul, México e Rússia preveem restrição a frango do Brasil

O secretário adjunto da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Allan Alvarenga, afirmou ao Broadcast Agro que o Brasil está cumprindo rigorosamente os protocolos de exportação acordados com os países parceiros quanto à suspensão dos embarques de frango em caso de gripe aviária. No caso da China e da União Europeia, esses protocolos firmados preveem a suspensão total da carne de frango brasileira, como ocorreu nesta sexta-feira após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no País. “Trata-se do cumprimento do requisito sanitário do país parceiro”, esclareceu Alvarenga em entrevista ao Broadcast Agro.

De acordo com o secretário, alguns protocolos firmados com países parceiros dispõem que, na detecção de doenças sanitárias no Brasil, o País fica impedido de certificar o embarque dos produtos, impossibilitando a exportação. “Os acordos vão prever que determinadas situações impedem a certificação. O Brasil respeita os seus acordos e, por isso, temos o reconhecimento internacional e atingimos tantos países com nossas mercadorias”, explicou o secretário adjunto.

Além da União Europeia e da China, outros acordos também preveem a restrição à certificação para exportação de produtos de todo o território brasileiro, caso da Coreia do Sul, do México e da Rússia, conforme Alvarenga. Já protocolos acordados pelo Brasil com países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Reino Unido e Filipinas permitem a continuidade de exportação de carne de frango do Brasil, à exceção do município ou Estado onde o caso foi detectado. “Esses países possuem protocolos acordados com o Brasil nos quais a restrição da possibilidade de certificação fica limitada a determinada área”, acrescentou o secretário.

Até o momento, o Brasil ainda não foi procurado pelos países importadores com pedidos de esclarecimentos sobre o caso. Mas o governo brasileiro comunicou oficialmente todos os países parceiros acerca da ocorrência da doença. “A SDA não recebeu nenhum comunicado de país importador restringindo as exportações. Isso mostra a confiança dos países no nosso sistema, que cumpre com os requisitos de seus parceiros comerciais”, observou Alvarenga.

Questionado sobre as medidas adotadas pela pasta para evitar a entrada do vírus H5N1 da influenza aviária de alta patogenicidade em outras granjas comerciais, o secretário afirmou que todas as medidas de enfrentamento estão sendo adotadas. Entre elas, citou a instalação de sete barreiras no raio de 10 km do foco onde a doença foi detectada, uma granja comercial de produção de matrizes de aves em Montenegro, no Rio Grande do Sul. “O Brasil foi o país que mais tempo resistiu à entrada dessa enfermidade no plantel comercial. Isso dá a dimensão do quanto nossas medidas de biossegurança são robustas e, sempre que nos deparamos com essas situações de emergência, as medidas são sempre mais restritivas”, afirmou o secretário. Ele se refere ao fato de que o vírus circula no mundo desde 2006 e entrou no sistema comercial do País somente neste ano, com apenas focos registrados em aves silvestres e de fundo de quintal nos últimos dois anos.

Após a confirmação laboratorial do caso, que ocorreu na noite de ontem, o estabelecimento aviário foi “despovoado” pelo serviço de defesa agropecuária, conforme prevê o Plano de Contingência de Influenza Aviária. “Esse despovoamento já foi concluído, com a eliminação das aves, vindo na sequência a destruição das camas de aviário, para se iniciar a fase de limpeza e desinfecção de todo o estabelecimento. São medidas de saneamento do foco que permitem o início da contagem para o retorno ao status de livre da doença”, detalhou o secretário. Há expectativa que o caso seja concluído em até 28 dias.

À Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o Ministério da Agricultura informou que o foco foi detectado em uma granja comercial em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. De acordo com o relatório, 7.389 aves morreram de um total de 17.025 suscetíveis, que foram abatidas. De acordo com o relatório, o diagnóstico foi feito em exame PCR pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em São Paulo (LFDA), referência para esse tipo de doença. A origem da infecção consta como inconclusiva ou desconhecida. O evento sanitário, que está em andamento, teve início em 12 de maio, conforme o relatório, e o agente é o vírus H5N1.

À OMSA, o Ministério da Agricultura informou que já adotou medidas de controle do foco, como rastreabilidade, vigilância da zona em torno do foco, zoneamento e controle de movimentação dos produtos. De acordo com o relatório, o descarte oficial de carcaças, subprodutos e resíduos, além do abate sanitário, a eliminação oficial de produtos de origem animal e a desinfecção da área estão em andamento.

Trata-se do primeiro caso no Brasil de gripe aviária no sistema comercial (influenza aviária de alta patogenicidade). O caso em uma granja comercial foi confirmado na noite de ontem, em um matrizeiro (granja de produção de ovos férteis) de aves comerciais em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, segundo o ministério.

O Brasil vem registrando casos de gripe aviária em aves silvestres e domésticas (granjas de fundo de quintal) desde 2023, mas até o momento o sistema comercial não tinha sido afetado. Segundo a plataforma de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves do Ministério da Agricultura, há 166 focos, sendo 163 em aves silvestres e três em produção de subsistência (caseira), confirmados até o momento. Há outros três focos sendo investigados. O País era o único entre os grandes produtores mundiais que ainda não tinha registrado o caso em plantel comercial. No mundo, o vírus da gripe aviária em granjas comerciais circula desde 2006, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.

Estadão Conteudo

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