"Para terminar o ano, o BNDES precisará mais de R$ 20 bilhões e não há previsão para o ano que vem", afirmou o ministro.
Peça fundamental na agenda de concessões do governo, o BNDES foi alvo de críticas num relatório elaborado pela OCDE (Organização para cooperação e desenvolvimento econômico) sobre a economia brasileira.
De acordo com o documento, entregue oficialmente esta manhã ao ministro Mantega pelo secretário-geral da organização, Angel Gurría, apesar de o crédito ter crescido no Brasil nos últimos anos, o financiamento de longo prazo continua escasso.
"Um maior desenvolvimento dos mercados de crédito de longo prazo tem sido prejudicado pela falta de participação privada, devido a uma situação de desigualdade causada pelo forte apoio financeiro ao banco nacional de desenvolvimento, que domina a concessão de empréstimos de longo prazo."
O ministro reagiu à crítica avaliando que isso "é passageiro. Não é permanente". Segundo ele, "o BNDES recebe cada vez menos recursos" e "desde que os bancos privados voltem a financiar mais, o governo vai ter que atuar menos". E garantiu: "os bancos privados já estão voltando".
Gurría minimizou o tom do relatório. Ao lado ministro Mantega, em entrevista no início desta tarde na sede da Fazenda, disse que a situação foi adotada num momento de crise de crédito. Para ele, "agora, pode haver menor participação dos bancos públicos sem ter impacto na canalização do crédito na economia".
Desde a crise financeira mundial, no final de 2008, os bancos oficiais foram instrumentos importantes para o governo tentar evitar uma recessão na economia, diluindo os impactos para o Brasil.
BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil atuaram fortemente na concessão de crédito seja para estimular o consumo ou o investimento. Atualmente, o BNDES está a frente da agenda de concessões do governo e participa ativamente no financiamento dos projetos.
Por causa disso, a instituição demanda grande volume de recursos dos cofres públicos. Nos últimos anos, o banco recebeu cerca de R$ 300 bilhões do governo federal para operar.
Folha de S. Paulo