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Governo diz que “não há dúvida” de relação entre microcefalia e zika

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou nesta segunda-feira (15), durante balanço da mobilização nacional contra o Aedes Aegypti, que aconteceu no sábado (13), que "não há dúvidas" por parte do Governo Federal de que a epidemia de microcefalia é uma consequência direta do surto da zika em algumas regiões do Brasil.

Ele citou os diversos dados divulgados pelos pesquisadores nos últimos tempos que comprovariam a tese:

a coincidência entre os nascidos com microcefalia e as mães que pegaram a doença sete, oito ou nove meses antes, nas áreas de surto de zika;
amostras de tecido indicaram a presença do vírus no cérebro de bebês com microcefalia que morreram após nascer e em fetos abortados;
amostras de líquido amniótico de gestantes que carregavam bebê com má-formação também tinha o vírus;
amostras de um grupo de 12 bebês com microcefalia detectou a presença de anticorpos para a zika no líquido cefalorraquiano de todos;
estudo que constatou que o vírus é capaz de atravessar a placenta.
"São 'n' casos que estabelecem a relação. Para nós, não há nenhuma dúvida. A pergunta hoje é: é só a zika [que causa microcefalia] ou precisa de outros fatores? Essa resposta a ciência ainda não tem", disse. Por isso, 15 técnicos do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência do Departamento de Saúde dos Estados Unidos) estão atuando junto com técnicos brasileiros para entender se a zika sozinha causa a microcefalia ou se há outros fatores associados ao vírus que levam à má-formação.

Em que pé estamos?
Todos esses indicadores citados apontam correlação entre o vírus e a microcefalia, mas não há ainda um estudo que prove que a zika causa a microcefalia. Pode ser que o vírus, mais algum fator resulte na má-formação, mas que os elementos isolados não causem nada.

É preciso confirmar como e por que o vírus age do jeito que se imagina que ele age, e a única forma cientificamente válida de testar essa relação é reproduzindo a situação em laboratório, com a inoculação do vírus no cérebro de animais e em culturas de células neuronais humanas para ver se ele de fato interfere no seu desenvolvimento. Equipes do Rio e de São Paulo estão fazendo esses estudos. 

Outras pesquisas vão acompanhar grávidas. Uma delas, da USP de Ribeirão Preto, vai monitorar 3.000 mulheres. Elas serão submetidas, mensalmente (até o parto), a um exame de sangue que detecta anticorpos do vírus tanto na mãe quanto no bebê, para mostrar se e quando o feto é infectado durante a gestação.

Houve supernotificação de casos?
Antes de os primeiros casos em Pernambuco começarem a aparecer, no fim de agosto do ano passado, levantando a suspeita entre zika e microcefalia, não havia notificação compulsória no Brasil da má-formação cerebral. Em 2014, por exemplo, foram registrados somente 147 casos. 

Diante do novo risco, todo bebê nascido com perímetro cefálico menor ou igual a 32 centímetros começou a ser notificado. Em poucos meses, por causa disso, o número saltou para a casa dos milhares.

O Ministério da Saúde informou que até a última sexta-feira houve 5.079 notificações. Muitos desses bebês, porém, podem ser saudáveis (sem ter lesões ou calcificações no cérebro). Tanto que 765 casos foram descartados como não sendo microcefalia, 3.852 estão sob investigação e 462 foram confirmados. Entre estes casos, em 41 houve relação com a zika. Ou seja, nesses bebês foi detectado o vírus, mas não foram descartadas outras possíveis causas. Essas crianças não foram testadas, por exemplo, para outros vírus relacionados a microcefalia, como rubéola. Os outros 421 ainda estão sendo testados para o vírus.

Quais outros problemas a zika pode causar?
Suspeita-se que possa afetar outros órgãos além do cérebro do bebê. Na semana que passou, um estudo mostrou que pelo menos 13 crianças nascidas com microcefalia em Salvador e Recife em casos suspeitos de relação com o vírus apresentam também lesões oculares que podem levar à cegueira.

Também suspeita-se que a zika possa desencadear a síndrome de Guillain-Barré, uma resposta autoimune do corpo diante de processos infecciosos, levando à paralisação dos músculos.

Fonte: UOL

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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