A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, lançou nesta segunda-feira (28) documento elaborado em conjunto com outras organizações de esquerda que critica a política econômica adotada no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista coletiva, no entanto, membros da fundação não chegaram a fazer críticas diretamente a presidente.
O documento foi lançado no momento em que Dilma tenta ganhar apoio do Congresso para a aprovação de um pacote que prevê corte de gastos, aumento de impostos e a recriação da CPMF. Para isso, ela precisará de votos de seu partido, o PT, e outros da base aliada. A aprovação desse pacote é vista como essencial para o governo estabilizar a economia. O Palácio do Planalto informou que não vai comentar o documento.
Lideranças da Perseu Abramo que participaram da entrevista coletiva que lançou o documento também afirmaram que houve diagnóstico "equivocado" da situação econômica do país. Para eles, também é equívoco considerar o atual ajuste fiscal como única resposta adequada.
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, disse que o “documento não é contra o Brasil. É a favor do Brasil” e que se opõe ao “terrorismo do ‘curto-prazismo’”. Segundo ele, essas mudanças são paliativas, pensadas para agora. “Essa ditadura do curto-prazo nos faz pensar pequeno”, disse. "O procedimento que está sendo feito é primeiro fazer o ajuste fiscal para depois crescer. A proposta é inverter as prioridades", declarou Pochmann.
Segundo os autores, o manifesto tem como objetivo "contribuir para retirar o país da desastrada austeridade econômica em curso e para consolidação de um projeto sustentável de crescimento com inclusão social".
Na visão dos mais de cem especialistas que participaram da elaboração do texto, as atuais dificuldades econômicas surgiram a partir da implantação das medidas de cortes de gastos e de investimentos no primeiro semestre do ano. Para os autores, as ações de ajuste fiscal adotadas pelo governo federal amplificam a crise política e estimulam iniciativas "antidemocráticas e golpistas".
O senador Lindbergh Farias (PT) participou do lançamento e disse que o sentimento dos movimentos presentes é “de que a lógica do ajuste não teve o afeito esperado”. Segundo ele, conforme Lula teria afirmado, “tomar remédio amargo, tudo bem, mas a pergunta é se vai sarar”. Para Lindbergh, “o que tem acontecido é que não funcionou o remédio”.
Texto assinado por 33 deputados do PT critica condução da economia
Sobre a possibilidade de ruptura desses movimentos com o PT, o senador disse que os autores do documento querem “defender o governo” e vão “lutar até o fim ao lado desse governo”. Porém, de acordo com ele, a ideia do manifesto é “aumentar a pressão” contra uma “política monetária esquizofrênica” e que “não é possível entender um ajuste fiscal como esse”.
E completou: “Esse manifesto dá um caminho, um rumo para os movimentos sociais e para gente, que quer defender esse governo, mas que tem certeza que esse só será vitorioso e se livrará dessa pressão se mudar. Mudando esse rumo. Se a gente for nessa aí, vamos chegar a um desemprego de 10% no começo do próximo ano e vamos chegar num processo muito ruim neste país".
Fonte: G1