Funcionários da Petrobras fazem paralisação de 24 horas nesta sexta-feira (24) em pelo menos nove estados: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe. A categoria protesta contra o corte de investimentos na estatal e propostas de mudanças no marco regulatório do pré-sal.
O movimento acontece no mesmo dia em que ocorre uma reunião do Conselho de Administração na sede da Petrobras, que prevê discutir questões relacionadas a desinvestimentos da petroleira.
Os manifestantes são contra a demissão de terceirizados e o novo Plano de Negócios da Petrobras, que prevê cortes de US$ 89 bilhões nos investimentos e despesas, explica o sindicato de petroleiros no Espírito Santo, o Sindipetro-ES. Além disso, questionam a venda de ativos da estatal, que pode reduzir em R$ 57 bilhões o patrimônio.
Os sindicalistas criticam ainda o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131, do senador José Serra (PSDB-SP), que prevê a retirada da participação mínima na exploração de campos de petróleo do pré-sal. Atualmente, a lei de partilha prevê participação mínima de 30% da Petrobras na exploração dos campos de petróleo.
Em nota, a estatal informou que, em algumas unidades, houve registro de bloqueios na entrada dos empregados, gerando atrasos, assim como corte de rendição de turno. "As atividades da empresa estão dentro da normalidade, sem prejuízo à produção, estando preservada a segurança das instalações da companhia e de seus trabalhadores", afirmou.
Veja como estão os atos nos estados:
AMAZONAS
Servidores da Petrobras e trabalhadores de empresas terceirizadas da estatal no Amazonas aderiram à paralisação nacional. Nesta manhã, um grupo de funcionários realizou ato na Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no bairro Distrito Industrial, Zona Sul de Manaus. Segundo o sindicato, cerca de 750 funcionários participaram do movimento grevista no estado.
O sindicato dos petroleiros na região disse que não há cálculo de prejuízos por conta das 24h de paralisação. O movimento, de acordo com o sindicalista Acássio Viana, atinge as bases operacionais e administrativas em Manaus e Coari.
BAHIA
No estado, o ato foi aprovado em assembleias realizadas entre 13 a 17 de julho, que ainda definiram estado de greve, assembleia permanente e uma taxa assistencial de 2% para a campanha em Defesa da Petrobrás e do Pré-sal.
De acordo com Deyvid Bacelar, coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), houve grande adesão à paralisação no estado. "Os ônibus foram vazios para as bases de trabalho. Paramos todas as bases da Bahia. Acredito que entre as importantes estão a Refinaria Landulpho Alves, a fábrica de fertilizante no Polo Petroquímico de Camaçari, o setor de exploração e produção em São Sebastião do Passé, as bases de Candeias, Alagoinhas, Entre Rios, são muitas", explica.
Ainda segundo Bacelar, não está definido uma manifestação ou caminhada no estado devido a localização das empresas onde estão os petroleiros. "Não estamos prevendo protesto na Bahia porque temos áreas dispersas, é difícil concentrar as pessoas em um ponto específico. Temos base desde o recôncavo até norte do estado", contou.
ESPÍRITO SANTO
Trabalhadores estão reunidos na sede da estatal em Vitória, na Reta da Penha, onde bloquearam a entrada com correntes e cadeados.
O grupo colocou cartazes, soltou fogos, e se concentrou na entrada do prédio. O trânsito na Reta da Penha flui normalmente.
As unidades de Linhares, São Mateus, Anchieta e Piúma também estão com os portões fechados pelos manifestantes. O indicativo de greve foi aprovado pela maioria dos trabalhadores do setor.
PARANÁ
Funcionários da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, protestam desde as 23h30 de quinta-feira (23) para alertar a categoria sobre a atual situação enfrentada pela Petrobras. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Petrobras (Sindipetro), a greve será mantida por 24 horas e cerca de 200 funcionários aderiram ao movimento na Repar.
Funcionários da Usina do Xisto em São Mateus do Sul e do Terminal Aquaviário Transpetro de Paranaguá, no litoral do Paraná, também devem aderir ao movimento.
Com a paralisação, os funcionários das áreas de manutenção e produção de refino de petróleo que deveriam trocar de turno no final da noite de quinta, não conseguiram sair. Até a manhã desta sexta, eles já tinham completado mais de 16 horas dentro da empresa, segundo o Sindipetro.
PERNAMBUCO
Os trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, cruzaram os braços nesta sexta-feira. No estado, a redução de investimentos vem provocando demissões constantes na Rnest, segundo o Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco (Sindpetro-PE). Por isso, a categoria faz um ato em frente à refinaria, situada em Ipojuca, no Grande Recife, desde as 5h30.
Os petroleiros pernambucanos pararam de trabalhar à meia-noite de quinta (23). Segundo o Sindpetro-PE, a adesão ao movimento foi total na Rnest.
Funcionários administrativos da Transpetro também param nesta sexta. Por isso, apenas uma das 16 operações da empresa está funcionando, segundo o sindicato. O movimento ainda recebe apoio da Central Única de Trabalhadores (CUT-PE).
A Polícia Militar acompanha a manifestação e informou que o movimento segue pacífico. Os trabalhadores se reúnem na PE-09, em frente à Rnest, mas deixam livre o acesso ao Complexo de Suape. Segundo a PM, foi feito um acordo com a direção da refinaria para que os ônibus de trabalhadores parassem no local para que os interessados ficassem no protesto.
RIO DE JANEIRO
Funcionários de pelo menos 17 plataformas da Petrobras nas bacias de Campos e Santos aderiram à greve de 24 horas desta sexta, mas não houve até o momento registros de prejuízo à produção de petróleo e gás, segundo informações da Reuters.
As 15 plataformas da Bacia de Campos que aderiram à greve estão produzindo sob a gerência de equipes de contingência enviadas pela Petrobras, para que a produção não fosse impactada, informou o diretor de comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Marcos Brêda.
Brêda ressaltou que apenas as 15 plataformas das 25 que haviam aprovado a paralisação em assembleias enviaram documentos comprovando que estão em greve. Então, há a expectativa de que o número de adesões suba ao longo do dia.
Já na Bacia de Santos funcionários das plataformas Mexilhão e Merluza estão trabalhando em "operação tartaruga", segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do litoral Paulista (Sindipetro-LP), Adaedson Costa.
As duas bacias representam juntas mais de 90% da produção de petróleo do país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
RIO GRANDE DO NORTE
Funcionários de empresas que prestam serviços e empregados de uma base da Petrobras localizada às margens da BR-304, em Mossoró, na região Oeste potiguar, interditaram parte da rodovia na manhã desta sexta-feira.
A Polícia Rodoviária Federal informou que uma das faixas da via está desobstruída, o que permite que o trânsito continue fluindo. De acordo com o inspetor Aliathar Gibson, os terceirizados disseram que “as mudanças colocam em risco milhares de empregos, especialmente os dos terceirizados e suas subsidiárias”.
Em nota, o Sindipetro disse que no estado paralisações também ocorrerão em Natal, Alto do Rodrigues e em Guamaré.
SÃO PAULO
Petroleiros fazem atos nas regiões de Campinas, no interior, e Santos, no litoral paulista, nesta sexta.
Funcionários da Petrobras na Refinaria de Paulínia aderiram à paralisação às 23h de quinta-feira (23). De acordo com o Sindicato Unificado dos Petroleiros (Sindipetro), 80 funcionários não entraram para trabalhar e os que deveriam ter saído ficarão até o fim da noite desta sexta-feira (24). A unidade tem 1,1 mil funcionários, sendo 700 do setor administrativo.
Na Baixada Santista, o ato é realizado em quatro pontos: nos prédios administrativos da empresa, em Santos e Cubatão, além da portaria 20 da Refinaria Presidente Bernardes e da entrada da Usina Henry Borden. Até o momento, não há reflexos no trânsito.
SERGIPE
Trabalhadores protestam em Aracaju nesta manhã. O sindicato no estado, o Sindipetro AL/SE, diz que a crise que atinge a Petrobras tem seus reflexos em Sergipe.
“Todo o plano de investimentos e negócios foi alterado. As explorações previstas em águas profundas, em Sergipe, para 2018 2 2020, foram retiradas do plano. Esse processo de desinvestimento tem gerado desemprego, muitas vezes calotes nos direitos trabalhistas dos petroleiros terceirizados, os principais atingidos. Cidade como Carmópolis sente fortemente esse baque com os fins de contratos e redução dos royalties”, diz Gilvani Alves, diretora do Sindipetro AL/SE e funcionária da Petrobras em Carmópolis.
Fonte: G1