A falsa promessa de emprego está entre as principais reclamações recebidas pelo Procon-SP. Somente no 1º semestre deste ano, houve aumento de 363% no número de reclamações por publicidade enganosa contra agências e consultorias de empregos em relação ao último semestre de 2015.
A crise econômica faz com que muitos desempregados acabem caindo em golpes de falsas agências de empregos e consultorias de recursos humanos, que tiram proveito do desespero de quem quer voltar para o mercado de trabalho.
Do 1º semestre de 2014 para o 1º deste ano, o número de reclamações envolvendo golpes em quem procura emprego saltou de 832 para 3.063 – aumento de 268%. Já do último semestre de 2015 para o 1º deste ano, o aumento foi de 100%.
As denúncias que receberam o maior número de reclamações de janeiro a junho deste ano foram cobrança indevida e abusiva (983); e venda, oferta e publicidade enganosa (979). O crescimento entre 2014 e 2016 também foi o maior entre esses dois itens: 790% na venda, oferta e publicidade enganosa e 215% no caso da cobrança indevida e abusiva. Do último semestre de 2015 para o primeiro deste ano, o aumento foi de 363% e 103%, respectivamente.
Os demais itens que tiveram reclamações no primeiro semestre foram: rescisão e alteração unilateral de contrato (475), dúvida sobre cobrança, valor, reajuste, contrato e orçamento (180); e serviço não fornecido e não cumprimento da oferta e contrato (178). No caso da rescisão e alteração unilateral de contrato, o percentual de aumento de 2014 para cá foi de 177%.
A Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, alerta que nenhuma consultoria ou agência garante efetivamente um emprego para o candidato. Por isso, é preciso ficar atento para os cuidados na contratação desses serviços.
Principais golpes
Segundo o Procon-SP, muitas agências de emprego atraem consumidores com promessas de vagas garantidas. Porém, quando vão se inscrever, os desempregados são informados de que, para conseguir o emprego prometido, precisarão fazer algum curso específico para aquele trabalho. O consumidor, acreditando na oferta, paga pelo curso, mas depois descobre que as vagas não existem. Trata-se de oferta enganosa, tipo de reclamação que aumentou 363% no último semestre.
Foi nesse tipo de golpe que o desempregado D.R. caiu no começo deste ano (o nome foi omitido a pedido dele).
Ele conta que viu uma vaga no jornal de agente de portaria. Encaminhou seu currículo e no dia seguinte recebeu um e-mail, que acredita ter sido automático, dizendo que havia sido selecionado para a vaga.
Logo depois recebeu uma ligação na qual foram passados salário, escala de trabalho e todos os benefícios. Foi informado de que deveria acessar um site, pois era necessário ter um certificado para trabalhar na área. Para receber a apostila online e senha para a prova teve que fazer um depósito no valor de R$ 150. Feito isso, recebeu o login, senha, apostila e depois de concluir a prova, o certificado.
Em janeiro, ele conta que recebeu uma ligação dizendo que havia uma vaga em um condomínio residencial, fizeram algumas perguntas e disseram que seu perfil era o ideal. Pediram a ele a relação de documentos para serem levados a uma agência de emprego com a promessa de que a vaga era de início imediato. “Quando cheguei lá, eles não sabiam da minha existência e não havia vaga nenhuma”, conta.
De acordo com o Procon-SP, as consultorias de recursos humanos, ou agências de recolocação profissional, como também são conhecidas, nada mais fazem do que promover as qualidades do candidato com o objetivo de inseri-lo novamente no mercado de trabalho. Para isso, utilizam recursos que vão desde a elaboração de currículo até o agendamento de entrevistas para emprego. O consumidor menos avisado, atraído por anúncios que prometem emprego rápido, acaba assinando um contrato de prestação de serviços nem sempre adequado às suas necessidades profissionais e suas condições financeiras.
A promessa de emprego garantido também se trata de oferta enganosa, segundo o Procon. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Elaine Saad, somente empresas de recolocação voltadas para a orientação de profissionais sem emprego ou que desejam mudar de carreira são autorizadas a cobrar dos profissionais pelos serviços de consultoria e orientação de carreira, como elaboração e divulgação de currículo, preparação para entrevistas de seleção e orientação sobre o mercado de trabalho. “Emprego não se paga, não é algo que se vende”, diz.
O Procon-SP alerta que nenhuma consultoria ou agência garante efetivamente um emprego para o candidato e nem pode garantir em contrato que irá arrumar uma vaga.
Fonte G1