O prefeito de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), Francis Maris (PSDB), admite a possibilidade de decretar fechamento total no município, o chamado "lockdown", caso o ritmo de surgimento de novos casos de coronavírus continue acelerado. "Estamos analisando essa medida. Se passar de 30, 40, 50 casos por dia, somos obrigados a decretar. Por enquanto estamos na média de 10 casos por dia. Se notarmos um aumento gradativo, seremos obrigados a adotar medidas austeras", alerta o gestor em entrevista.
Francis comenta que percebeu um aumento significativo dos casos após o cortejo do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat), Adriano Silva, que morreu no dia 3 deste mês. No dia 4, quando foi realizado o cortejo do ex-reitor com dezenas de carros, Cáceres registrava 36 casos confirmados de coronavírus. Ontem, 12 dias depois, quando foi divulgado o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES), a cidade registrava 79 confirmações.
"Estamos analisando [decretar fechamento total] porque subiu muito o número de infectados depois do velório do Adriano. Muitas pessoas foram no sepultamento dele e terminaram se contaminando e aí dobrou o número de casos de infectados aqui em Cáceres", comenta Francis Maris.
Diante do aumento no número de confirmações de pacientes, a Prefeitura de Cáceres editou e enviou um decreto padrão para os 23 municípios da região Oeste do Estado com medidas de enfrentamento ao vírus. A idéia é tentar padronizar as normas impostas na região, numa tentativa de reduzir a disseminação do coronavírus.
"Estamos vendo para fazer um decreto padrão com todos os prefeitos da região, com toque de recolher, com todas as medidas de segurança, de isolamento, conscientizando a população. Nós temos de um lado a OAB que está pedindo o lockdown. E temos do outro lado a associação comercial pedindo 'pelo amor de Deus' para não fechar. Então estamos entre a cruz e a espada. Vamos ver como o vírus se comporta essa semana, se baixa o número de contaminação, se as pessoas se cuidam mais, para ver se fica só no toque de recolher ou se vamos para o lockdown".