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Francês ‘caçador de lava’ leva turistas a vulcões pelo planeta

Profissão: “caçador de lava”. Há mais de 50 anos, Guy Saint-Cyr organiza passeios a vulcões em erupção. E guarda intacto o entusiasmo em relação à sua paixão.

Seu livro de memórias, "D'un volcan à l'autre“ (De um vulcão para o outro), acaba de ser publicado pela Editions de la Martinière e conta 17 de suas expedições cheias de emoções fortes.

Guy, de 74 anos, apaixonou-se vulcões aos 18, nas encostas do Stromboli, na Itália. Depois de estudar geologia, ele começou a acompanhar grupos em busca da lava derretida.

"Eu nunca quis trabalhar em um laboratório", disse à AFP. "Eu queria ver o máximo de erupções", diz ele, que se define como um guia vulcanólogo.

Sua agência de turismo, Aventura et Volcans, criada em 1983 e com sede em Lyon, oferece viagens para os vulcões mais espetaculares do mundo. E quando um deles começa a se ativar, Guy cria uma expedição de emergência.

"Tenho uma lista de 350 pessoas no mundo todo que ficam com a mochila sempre pronta para o caso de ter que sair rápido. São profissionais liberais, cirurgiões, arquitetos. E mais mulheres do que homens", conta. As expedições custam entre 1.200 e 2.000 euros.

"Não faço por dinheiro. Minha felicidade é compartilhar a alegria que sinto quando estou diante de um vulcão. Às vezes as pessoas choram de emoção com esse espetáculo sublime", disse o guia, que fez vários programas para a televisão.

O Monte Ontake, no Japão, cuja súbita erupção no fim de setembro deixou pelo menos 51 mortos, não faz parte do catálogo da agência porque "sua atividade não é permanente."

‘Uma oportunidade incrível’

Mas Guy teve a oportunidade de ser confrontado com fluxos piroclásticos (quando uma mistura de gás, vapor d´água, cinzas e rochas emergem rapidamente), como o que surgiu no Monte Ontake.

A última vez foi em 5 de novembro de 2010, no vulcão Merapi, na Indonésia. O intrépido guia tinha acabado de chegar de Paris com um grupo de 12 pessoas. De repente, uma avalanche piroclástica desceu a montanha. Eles tiveram sorte e escaparam, mas 160 moradores da região morreram. 

Antes disso, em uma expedição a Kamchatka (Rússia) no vulcão Karymsky, em 18 de julho de 1999, Guy seu grupo foi poupado por pouco do fogo. "Tornados de cinzas nos atingiram (…). Choviam cinzas e rochas pulverizadas", diz ele.

"Às vezes eu cometi erros. Não conseguia prever tudo, e os participantes sabem que existe um risco. Mas nunca houve um acidente diretamente relacionado aos vulcões", diz ele.

Paixão em família

Uma vez, uma pessoa que acompanhava as expedições de Guy sofreu uma queda fatal. E uma jovem mulher que se afastou do grupo desapareceu misteriosamente no deserto da Etiópia. Uma tragédia para o guia.

Guy transmitiu à família a sua "paixão irracional" por vulcões. Esposa, filho, filha e neto se contaminaram pelo “vírus”. Numa viagem com eles, o geólogo quase foi atingido pela lava durante uma expedição no Havaí em 1991.
"Eu tive muita sorte. Deveria ter morrido várias vezes”, disse ele.

Mas ele continua subindo nos vulcões. “Preciso disso para viver", diz Guy, que passa oito meses por ano viajando vulcões do mundo. "Eu sou mais lento do que antes. Mas, assim que eu vejo uma pitada de vermelho, não tenho mais dor em nenhum lugar", afirma o septuagenário, rindo.

G1

Redação

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