Uma imagem divulgada pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) mostra o momento do pouso turbulento da sonda Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em novembro.
Novembro: Robô envia primeiras fotos de cometa após pouso histórico
A nova imagem, divulgada nesta sexta-feira, é um borrão fora de foco – não supreendente quando se leva em conta que a sonda saiu "pulando" pela superfície do cometa até se estabilizar.
A foto foi feita pelo sistema de câmeras CIVA, da própria Philae, que estava programado para começar a funcionar no momento em que a sonda se estabelecesse na superfície do cometa.
"Aquela imagem foi chocante pois revelou que, obviamente, ainda não estávamos parados, estávamos em movimento", disse um dos cientistas da missão, Jean-Pierre Bibring.
"Naquele momento foi terrível, pois não sabíamos se a velocidade de ejeção era maior ou menor do que a velocidade de escape. Então, não sabíamos se iríamos voltar a pousar na superfície."
Depois do pouso turbulento, a Philae conseguiu tomar imagens melhores do cometa. Mas o robô só conseguiu pousar e se estabilizar a um quilômetro do local onde houve o primeiro toque na superfície – e em uma "vala" escura.
O buraco recebia uma quantidade menor de luz do Sol e, com isso, o gerador de energia da Philae perdeu capacidade de carregar suas baterias.
A sonda agora está em estado dormente, esperando por condições melhores de luz – o que pode acontecer nas próximas semanas, quando o cometa se mover para dentro do Sistema Solar.
Os cientistas consideram que a sonda conseguiu enviar uma boa quantidade de dados antes de entrar neste estado de hibernação. A informação foi enviada para a nave-mãe, a Rosetta, e então para a Terra.
Onde está Philae?
No estado dormente, a localização exata do robô é desconhecida dos cientistas. A Rosetta fez uma série de fotos da superfície do cometa nos dias 12, 13 e 14 de dezembro. Quando estas fotos forem enviadas para a Terra, os pesquisadores esperam conseguir encontrar a sonda perdida.
Mas esta será uma tarefa complicada. Cada imagem feita pela Rosetta tem 4 milhões de pixels e elas serão analisadas pelos cientistas sem ajuda de aparelhos, apenas com os olhos, na busca de pontos brilhantes possam representar ser a Philae.
"Parece muito difícil, mas o olho humano na verdade é muito bom para fazer este tipo de coisa", disse Holger Sierks, coordenador do setor que cuida do sistema de câmeras da Rosetta.
Compreender exatamente onde está a Philae na superfície do cometa vai ajudar os engenheiros a avaliarem sua situação e a probabilidade de a sonda sair do estado de dormência. Parte deste trabalho já está sendo feita usando o número limitado de imagens enviadas de volta à Terra pelo sistema CIVA.
Os cientistas já elaboraram um modelo preliminar do local do pouso final, reconstruindo seu terreno acidentado.
"Estamos parados em um ponto escuro e a questão é: quando o Sol ficará acima do horizonte local? Pode ser no começo de janeiro, pode ser em março. Não sabemos ainda, pois ainda não sabemos onde estamos."
"Se descobrirmos rapidamente, vamos fazer uma avaliação para ver se temos energia suficiente para religar o sistema e estabelecer comunicação", afirmou.
Aproveitando a época do ano, Matt Tayler, cientista do projeto Rosetta da Agência Espacial Europeia, resumiu a ansiedade entre a equipe. "É meio como esperar pelos presentes de Natal", comparou.
Fonte: G1