O fortalecimento e a ampliação das ações da Incubadora Mato Grosso Criativo (MT Criativo), bem como as ações focadas na área da economia criativa são uma das prioridades da gestão estadual de Cultura. Foi o que afirmou o secretário da pasta, Leandro Carvalho, durante encerramento do curso “Gestão de empreendimentos artísticos e culturais”, neste sábado (24). O curso foi promovido pelo MT Criativo entre os dias 19 e 24 de janeiro, e qualificou cerca de 30 produtores culturais e artistas em temas relacionados à gestão de projetos.
O secretário se disse feliz com a qualidade dos projetos apresentados pelos participantes como atividade final do curso, nos quais ele participou do debate e da avaliação, conduzida pela consultora Karem Lis (SP), ministrante do curso. “A gestão de projetos é um dos grandes problemas que temos hoje. Há centenas de projetos com problemas na prestação de contas, esta é uma situação grave, que não pode acontecer. Cursos como este devem acontecer sempre, estou feliz com a qualidade dos projetos e com o nível do debate apresentado aqui”, disse ele, enfatizando a importância da qualificação dos produtores, bem como o cuidado que devem ter com os recursos públicos para que a capital seja capaz de receber novos aportes.
O secretário salientou ainda que fará uma gestão democrática, realizando debates com a participação de toda a classe artística para a definição das políticas de Estado. “Precisamos aproveitar este momento único para crescer, brigar por mais recursos para a cultura. A gente precisa de um setor cultural funcionando”.
Resultados
Durante o encerramento do curso, foram apresentadas três ideias de projetos culturais elaborados durante as aulas. A meta era organizar a ação com base em uma noticia de jornal, buscando atender a uma demanda percebida no mercado local. Desta forma, uma noticia sobre a falta de água em Cuiabá deu origem à ideia de um festival de cinema com temática voltada para a conservação da água; outra que tratava da ampliação do período da piracema no Estado foi usada como inspiração para o projeto de um vídeo documentário que mostraria as alternativas encontradas pelos ribeirinhos para sobreviver à proibição da pesca; e notícia tratando dos problemas nas obras de mobilidade urbana em Cuiabá gerou a sugestão de uma virada cultural a ser realizada na trincheira da avenida Jurumirim, uma das obras finalizadas.
O curso “Gestão de empreendimentos artísticos e culturais” foi uma oportunidade de reciclagem e aprendizado para os participantes, que vieram, em sua maioria, das cidades de Cuiabá, Várzea Grande e Chapada dos Guimarães. Entre eles os integrantes da Associação das Manifestações Folclóricas de Mato Grosso, com sede em Várzea Grande. Fundada em 1996, a entidade realiza apresentações de siriri, chorado, dança da peneira e dança do ventre, atendendo crianças e adolescentes. Porém, sempre esbarrou na dificuldade de elaborar e aprovar projetos. “Temos uma longa experiência em atividades culturais, mas sempre que inscrevíamos um projeto, enfrentávamos problemas com a parte burocrática do processo. Hoje, trabalhamos sem dinheiro, com a colaboração da escola e dos pais das crianças. Viemos em busca de expandir o conhecimento e conseguimos ampliar os horizontes, estamos fervilhando de idéias, foi maravilhoso, nos deu esclarecimento para escrever melhor nossos projetos”, comentou a vice-presidente do grupo, Celi Minas Novas.
Uma das lideranças do grupo Comada
O ator Wátila Ferreira Bispo da Silva avalia que o curso ofereceu a oportunidade de tomar contato com a realidade da cultura como produto, o que já é natural nos grandes centros, mas ainda distante da cena cuiabana. “É um incentivo para que a gente abra a mentalidade para mudar essa nossa realidade, passando a ver a cultura como algo que pode gerar renda”.
Para a produtora cultural Paula Naves, responsável pelo portal cultural Ninho Infantil, tanto o curso quanto a consultoria individual permitiram conceituar melhor o seu produto dentro do mercado, visualizando-o mais concretamente . “O ciclo de palestras e a consultoria se complementaram, enriquecendo mais as discussões que a gente teve ao longo da semana, dando mais clareza sobre os negócios individuais”.
O ator e líder do Teatro Experimental de Alta Floresta, Anderson Flores, comentou que a consultoria recebida de Karem Lis lançou perguntas importantes, que o fizeram refletir sobre os rumos que pretende tomar. Uma das ações que sonha é a ampliação das ações realizadas na sede do grupo – onde hoje são oferecidos cursos livres de teatro, sessões de cinema e biblioteca comunitária – tornando o espaço um centro cultural. Com 26 anos de estrada, o grupo mantém hoje duas montagens teatrais. “Precisamos refletir se este é o passo que queremos dar, que cara nosso espaço tem que ter para se relacionar com esse público. Foi muito importante para a gente pensar em como empreender para viver de arte, é isso que queremos”.
A ação atraiu profissionais de áreas afins, como a Arquitetura e o Direito, entre eles o advogado Jaime Penariol Rosato, cujo objetivo inicial foi conhecer mais a fundo o setor cultural para poder planejar o lançamento de seu livro. “Vim buscando informações sobre editais para publicação de livro, mas o curso ampliou muito mais a minha visão, inclusive mostrando como o Direito está presente nas ações culturais”.
O MT Criativo realizará outros cursos ao longo do ano. Os interessados em se cadastrar devem entrar em contato pelo telefone (65) 3613 0222.(Assessoria)