Economia

FMI diz que Brasil só voltará a fechar contas no azul em 2020

O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a previsão de que o Brasil só voltará a ter um superávit primário (economia que o governo precisa fazer para pagar os juros da dívida pública quando as receitas superam as despesas) a partir de 2020, segundo o relatório “Fiscal Monitor”, divulgado nesta quarta-feira (5).

O órgão prevê que as contas do setor público no Brasil continuarão a colecionar rombos, ainda que cada vez menores, pelo menos até 2019

Para 2016, o FMI estima que o país terá um déficit primário de 2,8% do PIB (Produto Interno Bruto), ante previsão anterior, feita em abril, de 1,7% do PIB. Em 2017, o déficit primário do Brasil deve cair para 2,2%; em 2018, para 1,2%; e em 2019, para 0,5% do PIB.

O cenário projetado pelo FMI é mais pessimista do que o estimado pelo governo federal. No mês passado, durante viagem a Nova York, o presidente Michel Temer disse em entrevista à agência norte-americana Bloomberg que o déficit fiscal no Brasil "vai levar dois ou três anos" para ser eliminado.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também avaliou que o país deve voltar a ter superávit primário "até 2019", destacando que isso dependerá da aprovação da PEC do Teto dos Gastos, e da retomada do crescimento econômico e da arrecadação de tributos.

Endividamento em alta
O relatório do FMI alerta que o endividamento total do setor público brasileiro atingiu 73,7% do PIB em 2015 – cerca de 30 pontos percentuais acima da média dos países emergentes – e será, a partir de 2019, o maior de uma lista de 40 países emergentes avaliados.

Pelas estimativas do fundo, a dívida bruta do setor público será de 78,3% do PIB em 2016, passando para 82,4% em 2017 e 85,2% em 2018.  Em 2019, o percentual subirá para 87,9%; em 2020 para 90,8%; e em 2021, para 93,65%.

Para o FMI, esse nível de endividamento é sinal de preocupação, pois reduz a "margem de manobra" do governo para empregar seu caixa em medidas necessárias para a economia.

O relatório destaca ainda o impacto do endividamento público no setor privado, agravado pela piora dos indicadores de atividade econômica em combinação com condições financeiras mais apertadas. "A recessão em 2015 e 2016 tem colocado pressão no setor prevado, e o crescimento do crédito desacelerou e passou a ser negativo em 2016, mas o nível de endividamento continuou a aumentar como resultado do baixo crescimento", afirma o FMI.

Por conta do fraco resultado das contas do governo, a equipe econômica enviou ao Congresso e conseguiu aprovar a alteração da meta fiscal para um rombo de até R$ 170,5 bilhões em 2016 – o pior resultado da história, se confirmado. Para 2017, a estimativa é de um novo déficit fiscal, da ordem de R$ 139 bilhões.

Saiba como o endividamento do governo afeta sua vida

Recomendações do FMI
Outro relatório divulgado na véspera pelo FMI manteve as projeção de queda de 3,3% do PIB em 2016 e de alta de 0,5%, em 2017, apontando que a economia brasileira parece estar perto 'da virada'.

Na semana passada, o FMI divulgou uma série de recomendações para o Brasil "recuperar a sustentabilidade fiscal" e "retomar o crescimento". Entre as sugestões, o fundo elencou revisão do cálculo do salário mínimo e reforma trabalhista.

Dívida global recorde
O FMI alerta ainda para os riscos do endividamento global de governos, empresas e famílias (excluído o setor financeiro), que alcançou o nível mais alta de todos os tempos, o equivalente a 225% do PIB mundial, sendo que dois terços dessa dívida (cerca de US$ 100 trilhões) pertencem ao setor privado.

Fonte: G1

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26