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Flip celebra sucesso com público recorde

A festa oficialmente voltou a Paraty. Esta é a sensação após o último dia da 23.ª Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, que começou na quarta-feira, 30, e acabou no domingo, 3 – e lotou as ruas do centro histórico da cidade.

Após a covid-19, o evento ocorreu três anos seguidos entre outubro e novembro. Agora, com o retorno a julho, a Flip cresceu 10% em relação a 2024, com cerca de 34 mil pessoas presentes durante seus cinco dias, segundo a Secretaria de Turismo de Paraty.

Os números refletem a “sensação de sucesso” do evento após “anos difíceis”, afirmou a organização em coletiva neste domingo. Em 2024, foram cerca de 30 mil pessoas; em 2023, 27 mil. A Flip deve continuar a ser realizada entre julho e agosto em 2026. Apesar do sucesso, o diretor artístico Mauro Munhoz disse que houve dificuldade em captar recursos.

Mesmo anunciado pouco antes da Flip, Valter Hugo Mãe confirmou sua posição de fenômeno e foi o autor mais vendido desta edição na Livraria da Flip. Educação da Tristeza e O Filho de Mil Homens foram os dois livros mais vendidos (veja o ranking dos mais vendidos ao lado).

O autor curitibano Paulo Leminski é o segundo da lista, seguido por Rosa Montero, Ilan Pappe e a poeta Mar Becker. O livro da francesa Neige Sinno, Triste Tigre, lançado pela Amacord na Flip, foi o terceiro mais vendido. O Perigo de Estar Lúcida, de Rosa Montero, e O Colibri, de Sandro Veronesi, completam o Top 5.

A programação principal contou com 36 autores em 21 mesas e foi marcada pelo equilíbrio entre conversas literárias e debates mais políticos. A combinação de “capricho e relaxo” – em referência ao livro de Paulo Leminski (1944-1989), o homenageado da vez, foi citada em muitas mesas e celebrada pela curadora da festa, Ana Lima Cecílio.

A Flip começou na quarta, 30, com uma abertura emocionante de Arnaldo Antunes, que celebrou o legado de Leminski e recordou de histórias ao lado do escritor. Já na sexta de manhã, Alice Ruiz, que foi companheira do poeta e teve três filhos com ele, foi aplaudida de pé em uma das mesas.

A escritora espanhola Rosa Montero, que retornou à Flip após 21 anos, atraiu grande público na noite de sábado, 2, e fez jus à fama de simpática – ficou quatro horas distribuindo autógrafos após sua fala. E o português Valter Hugo Mãe, que fez o público chorar em 2011, retornou ao evento e falou sobre seu amor pelo Brasil, sobre seu livro mais recente, Educação da Tristeza, e o filme de O Filho de Mil Homens, que sairá pela Netflix neste ano.

Debate político

O debate político veio à cena com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que gerou comoção no Auditório da Matriz, e com o historiador israelense (e pró-Palestina) Ilan Pappe, que explicou as origens do conflito em Gaza e lançou seu livro A Maior Prisão do Mundo. As duas mesas contaram, na sexta, com forte esquema de segurança, com revista e detectores de metal na entrada. O pedido pelo reforço na segurança partiu do governo brasileiro.

Mauro Munhoz também revelou que houve forte pressão externa para que Pappe não falasse – estudioso da questão Israel-Palestina há muito tempo, ele é conhecido pelas críticas que faz ao governo de Tel-Aviv. Questionada, Ana Lima Cecilio destacou a autonomia que recebeu da organização da Flip e argumentou que a participação de Pappe não é a escolha de um lado, mas sim “uma posição a ser tomada: a de denúncia”. Segundo Munhoz, não foi discutido se haverá mudanças na curadoria para a próxima edição.

Estadão Conteudo

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