Toda mãe tem o sonho de ver a filha se casar e para a aposentada Rita Rosa, de 54 anos, não é diferente. Mas para realizar o sonho, a filha Juliane Rosa da Silva, de 24 anos, teve que se casar em um lugar diferente: na capela do Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP). A mãe é portadora de esclerose múltipla e perdeu os movimentos dos braços, pernas e respira com ajuda de aparelhos. Por isso, vive há três anos em um quatro do Hospital de Base – nesta sexta-feira (12), Rita pôde sair do quarto e acompanhar a cerimônia.
O casamento praticamente parou uma ala do HB e a capela ficou pequena para tantos convidados, dentre família, enfermeiros e médicos.
“Fizemos uma verdadeira operação de guerra para conseguir tirá-la do quarto e trazer três andares abaixo no hospital. Foi um planejamento de três meses, para ver o local ideal, um respirador portátil adequado para ela, fazer a estratégia do trajeto. É o momento único da vida de uma mãe e valeu a pena todo o sacrifício”, afirma a médica Ana Maria Naser, especialista em cuidados paliativos.
Juliane deixou toda sua vida em 2011 para se dedicar aos cuidados da mãe. Elas são de Campina Verde (MG) e vieram para Rio Preto por causa do tratamento. Diagnosticada com a doença há mais de 10 anos, e mesmo com todas as dificuldades, a mãe fez questão de presenciar o momento mais importante da vida da filha.
“Meu coração bateu muito forte, estou muito feliz de ver o casamento da minha filha, muito emocionante. A semana inteira fiquei ansiosa, o hospital inteiro me ajudou para ver o casamento e estou muito feliz. Quero que eles sejam muito felizes”, afirma a mãe.
Nestes três anos em Rio Preto, a filha alugou um apartamento próximo ao hospital e vive entre o trabalho e os cuidados da mãe. O restante da família permaneceu em Minas Gerais, mas vieram acompanhar o casamento. Para Juliane, foi um dia especial por vários motivos.
“Muito emocionada, primeiro por ser meu casamento, o hospital inteiro veio ver, não esperava tanta gente. Foi muito especial, além disso, minha mãe pôde ver e isso foi o mais importante, dela estar do meu lado durante a cerimônia”, afirma a filha.
Juliane conheceu o noivo, Luís Ricardo Pires, há um ano pela internet, nos momentos em que entrava na rede social no hospital. Para ele, não havia outro lugar para ser o casamento do que no hospital, onde eles passaram juntos todo o tempo.
“Jamais esperava casar em um hospital, mas foi muito emocionante. O pessoal do hospital virou praticamente uma família e o relacionamento se construiu dentro do hospital praticamente. No primeiro dia que eu conheci a Juliane foi ao hospital e já conheci da dona Rita. Foi tudo de coração e é um dia especial na minha vida”, diz o noivo.
Hospital abraçou a ideia
Os funcionários do setor de cuidados paliativos do Hospital de Base de Rio Preto e de outras áreas da instituição se mobilizaram para que este sonho acontecesse com a presença da mãe. Para isso, os colaboradores do HB conseguiram organizar a cerimônia do casamento.
Rita foi transportada de maca até a capela. O bolo, a decoração, a cerimonialista e o terno do noivo foram doados para a celebração. “Uma equipe de enfermagem ficou o tempo todo ao lado dela para monitorar a situação. Ela é uma pessoa especial aqui no hospital e ela curtiu muito. A Juliane é uma filha muito presente e o casamento foi especial para todo o setor”, diz a médica Ana Maria.
Fonte: G1