"Estava em férias e, quando retornei, minha secretária relatou o que havia ocorrido. Informei aos representantes das empresas que aqueles atestados não haviam sido assinados por mim e eram falsos", disse ao G1 o ginecologista e obstetra Geraldo José Felipe, que é médico há 42 anos e afirmou nunca ter atendido homens neste período.
A Polícia Civil registrou o caso como falsificação de documento público, mas ainda não tem pistas sobre quem possa ter usado o nome do ginecologista para a emissão dos atestados. Felipe informou que foi orientado por um integrante do Conselho Regional de Medicina (CRM) a registrar a ocorrência. "Agora o caso está nas mãos da polícia. Eles estão encarregados de investigar e identificar o responsável pela fraude", disse.
Atestados falsos
O G1 teve acesso a um dos atestados falsos. No documento está o nome do paciente do sexo masculino e a inscrição "impossibilitado de trabalhar hoje" com data do dia 15 de agosto. O falsificador ainda se preocupou em colocar o Código Internacional de Doenças (CID), o carimbo com nome e o número do CRM do médico, além de uma assinatura falsa.Felipe afirmou ainda que duas mulheres também entregaram atestados falsos em um posto de combustíveis. Um dos documentos estava com o papel timbrado da Prefeitura de Piracicaba, indicando atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas o especialista disse que não trabalha em prontos-socorros.
"Além de eu não trabalhar para a Prefeitura, essa mulher não é minha paciente", falou. No atestado constam 11 dias de afastamento para a funcionária. Já no documento da outra mulher o prazo de licença é de 10 dias, com início em 16 de agosto."No atestado das duas mulheres, que trabalham na mesma empresa, a assinatura nos documentos são iguais. Já no atestado do homem é diferente", revelou Felipe.
Desconfiança
Um funcionário do posto de combustível informou que o escritório de contabilidade da empresa desconfiou dos atestados por causa da quantidade de dias e também em razão do código CID. "Em um dos atestados o CID era referente a gripe e não tem nada haver com ginecologia e obstetra", relatou o representante do posto, que pediu para não ter o nome publicado.
Secretaria da Saúde
A assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde de Piracicaba informou que os ofícios que estão com o médico vítima da fraude comprovam a ilegalidade dos documentos. A pasta relatou ainda que a paciente que teria conseguido atestado após ser atendida na rede municipal de saúde não passou pelo pronto-socorro do bairro Piracicamirim no dia alegado (18 de agosto). "O último atendimento dela em pronto-socorro em Piracicaba foi no dia 12 de abril na unidade da Vila Cristina", informou a Prefeitura em nota oficial.
G1