Segundo eles, as indústrias que produzem artigos complexos e de alta tecnologia –como tecidos criados por bioengenharia– tendem a ser mais inovadoras se mantiverem seus funcionários de pesquisa e de manufatura nas proximidades, em vez de mandar um produto para ser fabricado no exterior por operários mal pagos. Além disso, agrupamentos de manufaturas, onde pessoas e ideias possam fluir naturalmente entre diferentes companhias, podem ser mais produtivos e inovadores do que as mesmas empresas distribuídas pelo país.
Uma fábrica da General Electric no interior do Estado de Nova York é um caso que vai testar essa hipótese. Numa instalação de dois hectares construída sob medida, operários estão moldando em tubos finos um tipo de cerâmica que a GE inventou. Os tubos são preenchidos com uma mistura química secreta para depois serem inseridos em baterias e enviados para todo o mundo.
A fábrica fica a poucos quilômetros do campus de pesquisa onde cientistas da GE desenvolveram a tecnologia. Isso permite aos cientistas resolverem probleminhas na linha de montagem e testarem protótipos e utilizações da bateria.
A ideia é unir manufatura, design, criação de protótipos e produção, explicou Michael Idelchik, vice-presidente de tecnologias avançadas da GE. "Pensamos que, em vez de um processo sequencial, em que você estuda o design de um produto e depois decide como manufaturá-lo, podemos fazer um processo simultâneo. Achamos que isso é crucial para mantermos nossa vantagem competitiva a longo prazo."
No MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Suzanne Berger ajudou a lançar o projeto Produção na Economia da Inovação para estudar o tema. "Isso é algo que é muito difícil de criar de modo sistemático", disse Berger. "É preciso estar disposto a analisar evidências qualitativas, caso a caso. É o que estamos tentando fazer."
Berger disse que as evidências relatadas por 200 companhias são surpreendentes. Grande parte delas citou as vantagens de se manter fabricantes e pensadores juntos. Empresas com produtos que estão no início de seu ciclo de vida parecem beneficiar-se mais. O mesmo vale para empresas que produzem artigos especialmente complicados ou avançados.
A proximidade de empresas manufatureiras também cria um espaço comum. Empregados trocam ideias enquanto tomam um drinque ou praticam esportes. Eles trocam de emprego e levam seus conhecimentos para onde vão. Eles atraem outras companhias.
O economista Michael Greenstone, do MIT, analisou o que acontece com as cidades depois que chega importantes fábricas manufatureiras, como uma fábrica da BMW. Ele constatou que outras fábricas na cidade tornam-se mais produtivas e que os salários aumentam.
"O processo manufatureiro está passando por uma revolução", comentou Stephen Hoover, executivo-chefe da Xerox Parc. "Não são 4 milhões de pessoas numa linha de montagem. É um número pequeno altamente qualificado."
Fonte: FOLHA.COM | "NEW YORK TIMES"