O juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia contra o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine e outras cinco pessoas, nesta quinta-feira (24). Agora, todos eles são réus na Operação Lava Jato e respondem ao processo na Justiça Federal do Paraná.
A denúncia contra eles, feita pelo Ministério Público Federal (MPF), trata dos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço às investigações.
Bendine foi preso em 27 de julho, na 42ª fase da Operação Lava Jato, suspeito de receber R$ 3 milhões em propina do Grupo Odebrecht. Leia aqui a íntegra da denúncia contra Bendine.
Quando a denúncia foi feita, na terça-feira (22), a defesa de Aldemir Bendine disse que a atuação dele à frente do Banco do Brasil e da Petrobras se pautou pela legalidade e que vai demonstrar isso na ação penal com documentos e testemunhas.
João Mestieri, advogado de Álvaro José Novis, afirmou que o cliente dele também é delator da operação e que ele não é doleiro. "Ele fazia parte de um segmento de várias pessoas que recebiam uma data, um valor, uma senha e fazia o dinheiro sair daqui para ali".
O G1 não conseguiu contato com as outras defesas.
Denúncia
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, os crimes ocorreram de 2014 a 2017. Em 2015, Bendine deixou o Banco do Brasil com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo delatores da Odebrecht, Bendine já cobrava propina no Banco do Brasil e continuou cobrando na Petrobras.
Quando comandava o Banco do Brasil, Bendine pediu R$ 17 milhões à Odebrecht para rolar uma dívida da empresa com a instituição. Mas Marcelo Odebrecht e Fernando Reis disseram em delação premiada que não pagaram o valor por acharem que Bendine não teria capacidade de influenciar no contrato.
Na véspera de assumir a presidência da Petrobras, em 6 de fevereiro de 2015, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, segundo o MPF.
Investigadores dizem que o pedido foi feito para que a empreiteira não fosse prejudicada em seus interesses na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato. Segundo os delatores, a Odebrecht optou por pagar os R$ 3 milhões pelo Setor de Operações Estruturadas, como era chamada a área responsável pelas propinas na empresa.
Foram feitas três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada uma, em São Paulo, entre junho e julho de 2015, com atuação de Álvaro Novis. Parte do valor da propina ainda foi passado a Bendine de forma dissimulada com o pagamento de uma viagem internacional feita por ele no final de 2015, afirma o MPF.
Em 2017, quando já sabiam que estavam sendo investigados, André, Antônio Carlos e Bendine tentaram dissimular o recebimento de propina como se tivessem origem em serviços de consultoria prestados à Odebrecht, segundo a denúncia. Para isso, fizeram o recolhimento de tributos da falsa consultoria.