Nada como a imaginação fértil de criança para a criação de boas histórias. Isto associado a um espaço escolar propício para o despertar da leitura resultou na produção de revistas em quadrinhos criadas por grupos de alunos da Escola Chave do Saber (ECSA). Uma delas já na quarta temporada.
Os alunos João Gabriel Scalabrin e João Vitor Gomes, ambos de 10 anos, são os pioneiros na escola. Dois apaixonados por histórias em quadrinhos, desde 2017 desenham e criam suas próprias histórias em quadrinhos. A história do Super Tesoura e do Super Tesourinha já está em sua quarta temporada.
“Eles foram assistir um show de meteoros e foram atingidos por um deles. Eles são super-heróis que ajudam a salvar o mundo. Eles ficam dentro de suas cavernas e olham no computador o que está acontecendo para saírem em busca dos vilões”, conta João Gabriel.
Já João Vitor fala sobre como funciona o HQ. “Nós começamos a fazer eles coloridos, mas como a gente faz no final de cada aula, dava muito trabalho, daí agora só fazemos eles preto e branco. Começamos a fazer ano passado e já estamos na 4ª temporada”, afirma.
Luiz Henrique do Carmo, de 11 anos, também está trabalhando na criação da sua revista. “Eu via meus amigos fazendo e eu quis fazer o meu também. A minha história é de uma equipe de heróis: ‘Heróis Unidos’, que também salvam o mundo. Tem o chefe que usa uma máscara, o Bolinha de neve que voa, olho robótico, super folha (…) Ao todo são seis heróis”, conta.
Os alunos Renê Barbour e Matheus Moreschi, de 10 anos, e Davi Marques, de 11 anos, estão trabalhando numa história em conjunto. Segundo os meninos, cada um vai colaborar com aquilo que sabe melhor. “Eu não sou bom em desenhos, mas gosto muito de fazer roteiros, e por isso vou escrever a história”, conta Davi. Já Rene e Matheus ficarão encarregados pela ilustração dos quadrinhos.
Como palco para todas estas histórias está a biblioteca da escola, que vai muito além de reunir livros em prateleiras. É um espaço de troca, de doação e também de aconchego para quem prefere ler a correr pelos corredores do colégio, por exemplo. Tem alunos que doa os livros para biblioteca, outros que deixam por lá suas indicações de obras para que outros colegas possam ler também, e é assim que a ECSA busca manter acesa a chama do interesse pelos livros em um tempo em que a tecnologia é a fonte desses jovens.
A biblioteca representa um portal para os alunos, há quem diga que faz do local, um refúgio. E a responsável por ofertar este espaço é a bibliotecária Cleide Portela. A paixão destes alunos pelos quadrinhos foi percebida por ela, que resolveu dar atenção a eles.
“Eu percebi que os alunos pegavam os gibis durante a aula, mesmo não sendo o momento. Comecei a dar atenção para isso, porque essa paixão, às vezes, está ali escondida. Esse gênero literário é fantástico, além de ser visual permite que as crianças sejam coautores da história. Pouco texto, muita imagem, tudo que eles mais gostam. E observei que alguns criam suas próprias histórias. É maravilhoso”, finaliza.