O tempo seco e a estiagem nas regiões produtoras de soja em Mato Grosso podem aumentar a pressão das lagartas neste início da safra. Apesar de o cultivo da oleaginosa ainda não alcançar 10% da área estimada para a temporada – 8,8 milhões de hectares – o cenário para as pragas como a do elasmo e a rosca já é considerado preocupante, alertam os pesquisadores. Com ambiente mais favorável a proliferação, a tendência é de aumento na população destas ameaças.
Nas regiões que enfrentam falta de chuva o monitoramento deve ser reforçado. "O que temos visto nas lavouras é a perda de estande de plantas em decorrência do longo período de estiagem. Para os plantios antecipados, o risco é alto principalmente para infestações de lagarta elasmo e rosca, afirmou a entomologista da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, Lucia Vivan.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (21), a entidade aponta ainda que o período também pode favorecer o aparecimento da lagarta Helicoverpa nos estágios iniciais da cultura. Segundo Vivan, nesta etapa ela pode ser mais presente em áreas onde foram cultivadas algodão na safra passada.O tempo seco deve contribuir para a ocorrência dessas lagartas.Mesmo o produtor que fez o tratamento de sementes corre riscos de perda de estande de lavouras devido ao clima seco, que faz com que se tenha maior pressão dessas pragas, onde acarretará maior morte de plantas, apontou ainda pesquisadora.
Segundo Lucia Vivan, além do monitoramento das áreas, o uso de sementes tratadas é recomendado.O controle após a detecção em específico das lagartas elasmo não é eficiente devido ao seu hábito de penetrar na região do colo, fazendo galerias no interior do colmo da planta, sendo difícil atingir o inseto. Por isso a importância de se monitorar a área antes do plantio e realizar o tratamento de sementes, disse ainda a pesquisadora.
Helicoverpa
Em relação ao controle da lagarta Helicoverpa, o uso de produtos químicos pode ser prejudicado, alerta a pesquisadora. No período mais seco eles apresentam eficiência devido a baixa umidade.
Atraso
Nesta edição 2014/15 a semeadura da oleaginosa enfrenta atraso em função da baixa incidência de chuvas. Até a última semana eram 9,3% das áreas alcançados, patamar 18,06 pontos percentuais inferior ao registrado no igual período do ano passado.Para esta mesma época de 2013 o cultivo já chegava a 27,39%, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk, a lentidão já afetou a programação do agricultor. Plantio e colheita da cultura devem ficar concentrados no estado.
"Se as chuvas voltarem [ao normal] até o dia 25 o plantio vai ocorrer rapidamente e com força total por causa da janela, tentando ser encerrado até 15 de novembro. Aí criamos uma outra armadilha que é a colheita. Do mesmo jeito que você planta em uma janela estreita você terá uma janela estreita para colher", afirmou ao G1.
G1