Política

Esquema no Detran era conhecido e investigado desde que o governador estava no Senado

O governador Pedro Taques (PSDB) tenta acabar com os esquemas de corrupção existentes no Detran de Mato Grosso desde os tempos de senador da república. Pelo menos é o que consta de um ofício encaminhado por ele em 10 de abril de 2012 ao Ministério Público Estadual (MPE) a pedir providências quanto a uma denúncia anônima recebida por ele no Congresso implicando diretamente o então presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o Doia.

A informação foi tornada pública por meio de um inquérito do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) que investiga os esquemas por meio da Operação Bereré, iniciada segunda-feira (19) passada e cujos desdobramentos implicam seriamente o deputado estadual Mauro Savi (PSB). De acordo com os rumos do inquérito, Savi tinha influência direta sobre o proceder de Doia.

Pelo MPE, quem respondeu ao senador Pedro Taques foi Mauro Benedito Pouso Curvo. Ele informava que o órgão iniciara procedimento para checar as denúncias e comunicava encaminhamento de provas às promotorias.

Entre os muitos crimes perpetrados pela dupla Savi e Doia, corrupção passiva, tráfico de influência, advocacia administrativa e peculato. Para se ter uma ideia, a investigação apurou que  empresários interessados em abrir autoescolas tinham que primeiro pagar propinas a Dóia e Savi em valores equivalentes aos cobrados por cada uma das categorias da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Esses valores hoje variam entre R$ 1.300 a R$ 3.200 (a última categoria) e perfariam entre R$ 25 mil e R$ 50 mil por cada nova autoescola.

Os dois também, sempre segundo as denúncias do MPE, abocanhavam verbas de reforma anual de Ciretrans, além de venda de CNHs, com bancas examinadoras a receber até R$ 5 mil para fraudar laudos e aprovar pessoas.

“Considerando as informações enviadas ao meu Gabinete de possíveis irregularidades no Detran-MT, colho do ensejo para encaminhar a Vossa Excelência a cópia anexa para as providências cabíveis”, escreveu Pedro Taques ao procurador-geral de Justiça, Marcelo Ferra de Carvalho em 2012.

O conhecimento anterior do esquema teria sido também o início da aproximação de Taques com o então delegado da Delegacia Fazendária Rogers Elizandro Jarbas. Logo que elegeu-se governador, Jarbas tornou-se presidente do Detran e na sequência secretário de Segurança Pública.

Operação Bereré

Tornada pública na manhã de segunda (19) passada, a Operação Bereré chegou a uma quadrilha acusada de lavar e desviar dinheiro público por meio das prestadoras de serviço ao Detran e cuja atuação começou desde pelo menos 2009, conseguindo amealhar nesse período pelo menos R$ 1 milhão mensais.

Vários nomes da Assembleia Legislativa foram implicados, como os deputados estaduais Eduardo Botelho e Mauro Savi (PSB) e o ex-deputado federal Pedro Henry. Os nomes dos três apareceram na colaboração premiada do ex-presidente do Detran Teodoro Lopes, o Doia, e do empresário Rafael Yamada Torres.

Eduardo Botelho — um dia depois, na terça (20) — admitiu que era sócio de um dos CNPJs envolvidos, a Santos Treinamentos, e que estava arrependido de não ter deixado a empresa quando soube dos esquemas. De acordo com ele mesmo, sete anos atrás, em 2011.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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