Entre Aspas

Entrave em negociações e preços exorbitantes são problema

“Temos o maior custo de energia e combustível do país e isso impacta em tudo. Sentimos que as lojas de fora (âncoras e megalojas), além das vantagens de negociação com os shoppings; muitas delas conseguem incentivos fiscais com o governo que a gente não tem e isso quebra o empresário local”, explica.

A empresária Geanine Gasparoto pontua que o Shopping Estação, por exemplo, não está vivendo o mesmo momento que os empresários regionais. “A fase da negociação para as lojas locais entrarem no empreendimento é muito inflexível, não conseguimos ver nenhuma atração inicial, pois ele está muito diferente da realidade da economia que a gente está vivendo”.

Os empresários explicam que a abertura do novo shopping não acarretará um acréscimo de vendas significativo e sim a distribuição de clientes. “Eles chegaram com uma tabela irreal e que não condiz com o mercado local”, disse a empresário Luciula Gonçalves Nonato.

Wilker Moraes, representante de Chilli Beans, argumentou que Cuiabá pode não comportar os dois novos empreendimentos. Ele partilha sua experiência quando da inauguração do Pantanal Shopping. “Para Cuiabá, por mais bonito e bacana que fosse, o público não estava acostumado com algo tão grande e demoraram alguns anos para se acostumar”, diz ele, explicando que o processo pode ser igual com o Shopping Estação.

Falta de flexibilidade e preços elevados X Realidade atual

As assessorias de imprensa dois três shopping já postos em Cuiabá e dos novos shoppings se negaram a passar a média de valores de investimento com aluguel e condomínio nos locais, mas é unânime para o empresariado que os valores são muito altos e até surreais em alguns casos, tendo ainda exemplo de um shopping no qual o condomínio é mais caro que o aluguel.

Fontes extraoficiais informaram que no Shopping Estação o condomínio varia entre R$ 50 e R$ 200 o m². Também foi apurado que, no começo das negociações com o Shopping Estação, o valor do m² estaria em R$ 3 mil.

No Pantanal Shopping, uma loja de 70² custa em média R$ 23 mil, entre aluguel, condomínio e fundo de promoção (uma taxa paga para publicidade do shopping). A mesma média serve para lojas menores.

Já o Goiabeiras Shopping tem o condomínio um pouco mais salgado que os outros, chegando a custar até 40% a mais que o valor do aluguel. Por exemplo, uma loja de 60² paga, em média, R$ 3.500 de aluguel e R$ 9.300 de condomínio.

É preciso ressaltar que essa é apenas uma média e que cada tipo de loja (âncora, megaloja e loja) tem tabelas diferentes de preço. O aluguel normalmente é negociado caso a caso e o condomínio e taxa de publicidade são rateados, levando em consideração o tamanho de cada loja.

A Unishop pontua que muitas das vezes os comerciantes abrem lojas em novos lugares para manter a clientela e não para conquistar uma nova fatia do mercado que, segundo eles, é dissolvida entre os empreendimentos já existentes e os novos.

“Hoje não estamos abrindo novas unidades pela inflexibilidade, no caso do Shopping Estação. Se não fosse isso, muitos empresários já estariam mais animados”, explicou Gasparoto.

A empresária Luana Cestari Penasso também criticou a inflexibilidade do empreendimento: “Não temos nenhum poder de barganha. Eles dão os termos e não há pé de igualdade, negociação ou análise de números da realidade local”.

“Cuiabá talvez não tenha demanda para tudo isso. O Pantanal demorou cinco anos para amadurecer, a expansão no Goiabeiras ainda está acontecendo e o Pantanal terá 40 novas lojas também; é muita coisa” explicou Wilker Moraes.

Já sobre o shopping na vizinha Várzea Grande, a situação está menos anuviada. A Unishop crê que o empreendimento vai atender uma demanda mais específica, a dos moradores da cidade. 

Os novos shoppings

O Várzea Grande Shopping terá 35 mil m2 de área bruta locável (ABL), com 102 mil m2 de área construída, fluxo estimado de 900 mil pessoas/mês, seis âncoras, 14 megalojas, mais de 200 lojas satélites, mais de 1.500 vagas de estacionamento cobertas, um hotel e um centro de convenções.

Já o Shopping Estação Cuiabá terá 130 mil m² de área construída, sendo 47 mil m² de AB e cerca de 270 lojas. Serão mais de 20 grandes marcas como Avenida, Camicado, Casas Bahia, Centauro, Cinépolis, City Prime, C&A, Lojas Americanas, Outback Steakhouse, Planet Park, Polo Wear, Renner, Ri Happy, Riachuelo, Saraiva, Tok&Stok e o grupo Via Veneto, composto por Brooksfield, Donna e Jr. O local terá 2.150 vagas cobertas de estacionamento.

Josiane Dalmagro

About Author

Você também pode se interessar

Entre Aspas

Primeiro smartphone ‘em Braille’ do mundo será lançado este ano

Em vez de fazer uso da conversão de texto em voz, o aparelho de Sumit Dagar recorrerá a uma tecnologia
Entre Aspas

CRÉDITO IMOBILIÁRIO