Duas empresas ligadas a cervejaria Petrópolis fizeram doações eleitorais para o ex-senador por Mato Grosso Antero Paes de Barros, em sua corrida à eleição em 2010. As doações teriam sido disfarçadas, mas feitas a mando da empreiteira Odebrecht. A informação foi repassada nos jornais de circulação nacional Veja e Jornal Hoje, nesta sexta-feira (8).
Conforme já havia sido revelado, a Polícia Federal localizou emails trocados entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o empresário Marcelo Odebrecht. No conteúdo das mensagens, FHC pede que Marcelo ajude Antero na campanha eleitoral, considerando que ele se apresentava em segundo lugar nas intenções de voto.
Ele escreveu: “Caro Marcelo, o candidato ao senado Antero Paes de Barros ainda está em segundo lugar. Seria possível ajudá-lo? Envio abaixo dados bancários”. Como resposta, recebeu: “Até quarta dou uma olhada e retorno. Fique tranquilo no que depender de nós”. Depois, Marcelo Odebrecht respondeu novamente: “Já solicitei que fosse feito apoio ao Antero’.
Em seu programa na rádio Capital FM, Antero garantiu que não havia recebido doações da empreiteira, ainda que os emails mostrassem que FHC intercedeu por sua campanha. Ele afirmou que, de fato, teve dificuldades financeiras durante o período eleitoral de 2010, mas que o dinheiro nunca chegou. Ainda, observou que mesmo que tivesse chegado, a doação era legal à época.
De fato, nenhuma doação por parte da Odebrecht foi declarada nas contas eleitorais do ex-senador. Nesta semana, porém, conforme revelaram os jornais de circulação nacional, Antero teria recebido a quantia de R$ 100 mil de duas empresas, a Leyroz de Caixias Indústria, Comércio e Logística e a Praiamar Indústria, Comércio e Distribuição. Ambas as empresas são ligadas ao Grupo Petrópolis, que fabrica as cervejas Crystal e Itaipava.
Em depoimento à PF, Marcelo Odebrecht já havia confirmado que usava outras empresas para fazer doações eleitorais, e chegou a apontar a cervejaria Petrópolis como uma das principais “parceiras”. A doação consta, inclusive, nas planilhas localizadas no computador do empresário.
A reportagem não conseguiu contato com o ex-senador para comentar os novos fatos.